O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, revelou nesta terça-feira (14) seu projeto de orçamento para 2026, antes de um discurso crucial no Parlamento que pode selar o rápido fim de seu governo, caso ele não consiga convencer a oposição socialista.
O homem de confiança do presidente Emmanuel Macron corre o risco de se tornar o terceiro primeiro-ministro do chefe de Estado a cair no Parlamento em menos de um ano e agravar a crise política que abala a França desde meados de 2024.
O governo apresentou um projeto de orçamento para 2026, que prevê um esforço fiscal de 30 bilhões de euros (34,67 bilhões de dólares, 189 bilhões de reais), em grande parte devido a uma redução dos gastos públicos, segundo o Alto Conselho de Finanças Públicas.
A segunda maior economia da UE está sob pressão para reduzir o elevado nível da dívida pública (115,8% do PIB). Segundo o projeto, o serviço da dívida seria maior do que a verba destinada aos gastos militares.
A líder de extrema direita Marine Le Pen criticou um projeto “terrivelmente ruim”. Seu partido já apresentou uma moção de censura, que será examinada na quinta-feira com a moção da esquerda radical, informaram à AFP fontes parlamentares.
Contudo, a chave para a sobrevivência de Lecornu estará em seu discurso de política geral, previsto para as 15h00 (10h00 de Brasília), e se ele cederá às exigências da oposição socialista sobre uma das grandes reformas de Macron.
“Exigimos claramente a suspensão imediata e completa da reforma da Previdência de 2023”, reiterou na segunda-feira o líder socialista Olivier Faure, ao comentar o projeto que Macron impôs por decreto, apesar da rejeição popular.
Ao final do discurso de Lecornu, os socialistas devem decidir se cumprem sua ameaça e apresentam uma moção de censura, que também poderia ser debatida na quinta-feira, segundo fontes parlamentares. Caso todas as forças de oposição votem pela moção, a queda do primeiro-ministro será concretizada.
AFP