FOLHAPRESS
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, concedeu uma entrevista nesta segunda-feira (20) que gerou polêmica após ele afirmar que a solução para a crise com os Estados Unidos seria “trocar” Donald Trump.
“A humanidade tem uma primeira saída: mudar Trump de diversas maneiras”, disse o primeiro presidente de esquerda do país latino-americano ao jornalista Daniel Coronell, da Univision, ao ser questionado sobre como conseguir a melhor negociação possível para seu país.
“A maneira mais fácil pode ser através do próprio Trump”, acrescentou Petro. “Se não, tirar Trump”, continuou, estalando os dedos.
A entrevista já gerou reações em Washington. O parlamentar republicano da Flórida Carlos Gimenez, membro dos comitês de Serviços Armados e de Segurança Interna da Câmara dos Deputados, afirmou que as “ameaças de Petro” devem ser levadas a sério.
Dentro da Colômbia, líderes da oposição também criticaram a postura do presidente. Ainda durante a entrevista, Petro criticou a atual política anti-imigração dos EUA, afirmando que Trump trata os estrangeiros “como cães, levando-os para as prisões de El Salvador”.
“Ele é o responsável por ter desencadeado uma política que expulsou milhões de venezuelanos e agora os está tirando à força. A golpes de chicote e pontapés. E isso não se faz”, afirmou.
As declarações ocorrem na esteira de um bate-boca entre o colombiano e Trump nas redes sociais no último fim de semana por causa da operação militar americana no Caribe.
A entrevista também foi concedida na mesma noite em que o colombiano se reuniu com o principal representante diplomático dos Estados Unidos em Bogotá, John McNamara. Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia divulgado nesta terça (21), os dois reafirmaram “o compromisso de ambas as partes em melhorar as estratégias de combate ao tráfico de drogas”.
O líder de esquerda tem sido uma das vozes locais mais críticas contra a ofensiva dos EUA. Na outra ponta, Trump acusa o governo do colombiano de ser cúmplice no comércio ilícito de drogas.
Trump chamou Petro de “líder ilegal de drogas” no domingo (19), afirmando que vai cortar financiamento e subsídios dados a Bogotá, além de aumentar as tarifas sobre o país.
Após as acusações, Petro chamou o americano de “grosseiro e ignorante” e chamou de volta seu embaixador nos Estados Unidos -o gesto é um ato diplomático que demonstra insatisfação.
Os ataques dos EUA a embarcações no mar do Caribe que já mataram ao menos 27 pessoas. A Casa Branca diz que combate o tráfico de drogas, mas as ações são criticadas por governos da região, opositores e especialistas jurídicos, que não enxergam legalidade na ofensiva.
A Colômbia já foi um dos maiores receptores de ajuda dos EUA, mas os recursos foram abruptamente interrompidos este ano com o fechamento da Usaid, braço humanitário do governo americano.
N o mês passado, Petro condenou a decisão dos EUA de revogar seu visto enquanto ele estava em Nova York para a Assembleia-Geral da ONU -o líder colombiano participou de um ato pró-Palestina- e acusou Washington de violar o direito internacional devido às suas críticas às ações de Israel em Gaza.
Na manifestação em Nova York, Petro pediu aos soldados americanos que desobedecessem às ordens de Trump, o que enfureceu a Casa Branca.