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Para FMI, dívida pública alta e crescente torna quadro econômico global ‘mais preocupante’

“À medida que a dívida aumenta, o espaço fiscal se contrai desproporcionalmente mais em países de baixa renda”, alertou Georgieva, em discurso que antecede as reuniões anuais do FMI, na próxima semana

Redação Jornal de Brasília

17/10/2024 12h57

Foto: Reprodução

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que a dívida pública alta e crescente torna o quadro da economia mundial “mais preocupante”. Cenário adverso severo, mas considerado plausível pelo organismo, indica que a dívida pública global pode subir cerca de 20 pontos porcentuais do Produto Interno Bruto (PIB) acima da linha de base.

“À medida que a dívida aumenta, o espaço fiscal se contrai desproporcionalmente mais em países de baixa renda”, alertou Georgieva, em discurso que antecede as reuniões anuais do FMI, na próxima semana.

De acordo com ela, o espaço fiscal continua diminuindo, e as escolhas difíceis de gastos se tornaram “mais difíceis” com pagamentos de dívida mais altos. “Escolas ou clima? Conectividade digital ou estradas e pontes?”, comparou.

O quadro se agrava diante de tempos profundamente problemáticos, conforme a diretora-gerente do FMI. “O dividendo da paz do fim da Guerra Fria está cada vez mais em risco. Em um mundo de mais guerras e mais insegurança, os gastos com defesa podem continuar aumentando enquanto os orçamentos de ajuda ficam ainda mais aquém das crescentes necessidades dos países em desenvolvimento”, avaliou.

Georgieva afirmou ainda que, no futuro, o comércio não será o mesmo motor de crescimento de antes. “É como despejar água fria em uma economia mundial já morna”, classificou.

Reduzir dívida e reconstruir colchões

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional reforçou o coro para a necessidade de os governos conduzirem reformas fiscais e se preparar para um futuro choque, a exemplo da covid-19. “Os governos devem trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir amortecedores para o próximo choque – que certamente virá, e talvez mais cedo do que esperamos”, alertou.

Segundo Georgieva, o ajuste fiscal envolverá escolhas difíceis. “Aqui está o problema: a contenção fiscal nunca é popular. E, como mostra um novo artigo da equipe do FMI, está ficando cada vez mais difícil”, disse.

Análise feita pelo Fundo junto a uma ampla amostra de países mostra que o discurso político favorece cada vez mais a expansão fiscal. “Até mesmo os partidos políticos tradicionalmente conservadores em termos fiscais estão desenvolvendo um gosto por tomar emprestado para gastar”, destacou Georgieva.

A diretora-gerente do FMI admitiu que as reformas fiscais não são “fáceis, mas são necessárias e podem aumentar a inclusão e a oportunidade”. “Em última análise, no médio prazo, o crescimento é fundamental para gerar empregos, receitas fiscais, espaço fiscal e sustentabilidade da dívida”, concluiu.

Estadão conteúdo

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