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Papa Francisco, um ativista da luta contra as mudanças climáticas

Horas depois de seu falecimento, nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o secretário-executivo da ONU Clima, Simon Stiell, lembrou dele como “um defensor inabalável da ação pelo clima”

Redação Jornal de Brasília

21/04/2025 15h56

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Foto: Tânia Rego

Durante seu pontificado, Francisco trabalhou incansavelmente para promover a luta contra as mudanças climáticas, tema que incluiu em muitos de seus discursos e ao qual dedicou, inclusive, uma encíclica.

Horas depois de seu falecimento, nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o secretário-executivo da ONU Clima, Simon Stiell, lembrou dele como “um defensor inabalável da ação pelo clima”.

“Graças à sua defesa incansável, o papa Francisco nos lembrou que não pode haver ameaças até que não façamos as pazes com a natureza e protejamos os mais vulneráveis”, declarou Stiell em um comunicado.

No mesmo sentido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será hospedado, em novembro, pela cúpula da ONU para o clima em Belém do Pará, destacou que o pontífice argentino impulsionou a causa climática com “coragem e empatia”.

O Vaticano já tinha tratado da questão do meio ambiente e o antecessor de Francisco, o alemão Bento XVI, chegou a ser apelidado de “o papa verde”.

Mas foi o argentino quem publicou, em 2015, a primeira encíclica sobre a questão de como proteger o clima, nossa “casa comum”.

Segundo o especialista em catolicismo Charles Mercier, a encíclica ‘Laudato si’ “finalizou o projeto de seu antecessor” com “um enfoque diferente” porque inclui referências a implicações amazônicas e elementos não ocidentais relacionados com a natureza.

 

Bússola moral

 

Francisco “não foi só o papa do clima, mas da Amazônia, dos pobres, dos oceanos. Mas sobretudo da esperança”, disse à AFP Oscar Soria, um ativista argentino, veterano das negociações climáticas.

Mesmo antes de ser eleito papa, Jorge Bergoglio liderou estes temas na Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, celebrada em 2007 na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo.

“Sempre esteve do lado dos mais pobres e das populações indígenas”, lembra o ativista.

Em 2015, poucos meses depois da “Laudato si”, conseguiu-se um avanço significativo durante a COP21 com o Acordo de Paris, cujo objetivo é manter a elevação da temperatura do planeta abaixo dos 2°C. O papa “foi uma bússola moral nas negociações climáticas desde 2015”, diz Oscar Soria, com a voz embargada.

Segundo Laurence Tubiana, uma das arquitetas do Acordo de Paris, a “‘Laudato si’ foi um texto fundamental do compromisso cristão com a ação climática, que construiu e marcou uma nova geração”.

O texto, baseado em pesquisa científica sobre o clima, afirmava claramente que a humanidade é responsável pelo aquecimento global e anunciava contra a rápida mudança e a eliminação que levaram o mundo à beira do “ponto de ruptura”.

A encíclica desenvolveu um debate em nível mundial, sem precedente para um texto religioso, incluindo comentários em revistas científicas.

A mensagem de Francisco também tinha forte conotação moral, denunciando a responsabilidade do consumismo, do individualismo e da busca pelo crescimento econômico aos custos do planeta.

Em 2023, oito anos depois da encíclica, Francisco voltou a tratar da questão na exortação apostólica “Laudate Deum”, uma recomendação dirigida à fé, publicada antes da COP28 de Dubai.

O texto pedia uma transição energética “vinculante”, criticando respostas insuficientes.

Sua saúde o impediu de viajar para Dubai, mas, em setembro de 2024, na Indonésia, o papa continuou anunciando que “a crise ambiental se tornou um obstáculo para o crescimento e a convivência dos povos”.

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