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ONU ‘desaconselha’ retorno em grande escala de refugiados à Síria

Pope acrescentou que “sem investimentos na Síria, […] devolver as pessoas para lá desestabilizará ainda mais o país e provavelmente criará pressões que incitarão” uma nova onda migratória

Redação Jornal de Brasília

17/12/2024 16h02

síria

Foto: Omar Haj Kadour/AFP


A diretora da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Amy Pope, disse nesta terça-feira (17) que a agência da ONU desaconselha o retorno em grande escala de refugiados à Síria antes que a situação se estabilize.

“As pessoas têm o direito de voltar para casa […] mas não estamos aconselhando um retorno em grande escala […] O sistema não pode suportar essa afluência”, disse Pope à AFP durante uma visita ao Líbano, afirmando que, por enquanto, “enviar as pessoas de volta só desestabilizará ainda mais o país”.

De acordo com estimativas da ONU, um milhão de refugiados sírios poderiam retornar ao país entre janeiro e junho de 2025, após a queda de Bashar al Assad por uma coalizão de grupos rebeldes liderados por islamistas radicais, em 8 de dezembro.

Pope acrescentou que “sem investimentos na Síria, […] devolver as pessoas para lá desestabilizará ainda mais o país e provavelmente criará pressões que incitarão” uma nova onda migratória.

Segundo ela, “dezenas de milhares” de pessoas fugiram da Síria desde a queda de Assad, e “ouvimos dizer que minorias religiosas estão deixando o país”.

Membros da comunidade muçulmana xiita teriam fugido “não porque estejam realmente ameaçados, mas porque estão preocupados com ameaças potenciais” em um país majoritariamente sunita, acrescentou.

Após a queda de Assad, que afirmava proteger as minorias, as novas autoridades se comprometeram a estabelecer um Estado de direito que respeite todas as confissões.

Líderes religiosos cristãos radicados em Damasco indicaram que “suas comunidades estão muito preocupadas, embora ainda não tenham deixado” o país, disse Amy Pope.

A diretora da OIM acrescentou que a comunidade internacional deseja “garantir que as vozes mais radicais da coalizão não desestabilizem um governo que se reivindica mais aberto, democrático e inclusivo”.

© Agence France-Presse

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