Israel e o Hamas chegaram a um acordo para a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, um avanço nas negociações para encerrar a guerra devastadora em Gaza poucos dias depois de ela ter passado da marca de dois anos.
Vários detalhes permaneceram obscuros, mas autoridades indicaram que o acordo envolverá a retirada das tropas israelenses, a entrada de ajuda humanitária em Gaza e a libertação de reféns israelenses já neste fim de semana.
O presidente Donald Trump, que pressionou para intermediar o acordo, afirmou nas redes sociais na quarta-feira que ambos os lados concordaram com a primeira fase do seu plano de paz, que exige que Israel recue suas tropas para uma linha previamente acordada. Ele disse que poderá viajar neste fim de semana para a região, onde as negociações sobre Gaza estão em andamento em Sharm el-Sheikh, no Egito.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que reuniria seu gabinete na quinta-feira para assinar o acordo. O exército israelense declarou que acolheu o acordo e estava se preparando para liderar a operação de retorno dos reféns, além de se preparar para “fazer a transição para linhas de mobilização ajustadas em breve”.
O Hamas afirmou em um comunicado na manhã de quinta-feira que o acordo levaria ao fim da guerra em Gaza e à retirada de Israel do território. Hamas e Catar, um dos países que intermediaram as negociações, também indicaram em comunicados que o acordo permitiria a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
O que o acordo inclui?
Uma fonte ligada ao Hamas disse que o acordo prevê a libertação de 20 reféns israelenses em sua posse em troca de cerca de 2 mil palestinos: 250 condenados à prisão perpétua e outros 1,7 mil detidos por Israel desde 7 de outubro de 2023.
A troca deve ocorrer dentro de 72 horas após a implementação do acordo, que também foi “acordado com facções palestinas”, disse à AFP uma fonte familiarizada com as negociações.
O acordo também prevê “retiradas seletivas de tropas israelenses coincidindo com a troca e entrada de ajuda humanitária” na Faixa de Gaza, devastada pela fome, acrescentou a fonte.
Segundo o acordo, estima-se que pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária entrarão na Faixa de Gaza diariamente durante os primeiros cinco dias após o cessar-fogo, e que o número aumentará com o tempo, disse uma fonte do grupo terrorista.
Ele também prevê o “retorno imediato de pessoas deslocadas do sul da Faixa de Gaza para a Cidade de Gaza e o norte”, acrescentou.
O que vem a seguir?
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, disse que as partes concordaram com “todos os termos e mecanismos de implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo”.
O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu disse que espera que seu governo aprove o acordo na quinta-feira.
O acordo deve ser assinado formalmente por volta do meio-dia de quinta-feira, pelo horário local, disse à AFP uma fonte familiarizada com o assunto, sob condição de anonimato.
Uma fonte do Hamas disse que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo devem começar “imediatamente”.
O plano de 20 pontos de Trump exige um cessar-fogo em Gaza, a libertação de reféns, o desarmamento do Hamas e uma retirada gradual de Israel do território.
Estadão Conteúdo