O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira, 23, uma nova leva de documentos sobre Jeffrey Epstein, financista condenado por abusos sexuais de menores, que morreu na cadeia, em 2019. Os arquivos mostram que Donald Trump está listado como passageiro em oito voos no jatinho de Epstein, entre 1993 e 1996.
A liberação dos documentos começou na semana passada por determinação do Congresso. Ontem, Trump criticou a divulgação e afirmou que ela pode prejudicar pessoas que conheceram Epstein “inocentemente”. O Departamento de Justiça, que foi obrigado a divulgar os arquivos, declarou que eles contêm alegações “falsas e sensacionalistas” envolvendo o presidente.
A informação sobre os voos consta de um e-mail enviado em 7 de janeiro de 2020, com o assunto “RE: Registros de voos de Epstein”. No texto, o autor afirma que “Trump viajou no jato particular de Epstein muito mais do que havia sido relatado”. O remetente e o destinatário do e-mail tiveram os nomes suprimidos No fim da mensagem, aparece a identificação de um vice-promotor do Distrito Sul de Nova York, também com o nome ocultado.
Os oito voos de Trump, entre 1993 e 1996, incluem pelo menos quatro nos quais Ghislaine Maxwell, namorada de Epstein, também estava presente. O documento afirma que Trump teria viajado em diferentes ocasiões, com sua segunda mulher, Marla Maples, sua filha Tiffany e seu filho Eric.
Presença
O registro descreve um voo de 1993 no qual Trump e Epstein seriam os únicos dois passageiros listados, além de uma outra viagem em que os três ocupantes eram Epstein, Trump e uma pessoa então com 20 anos de idade, cujo nome foi ocultado. Em duas outras ocasiões, mulheres que mais tarde poderiam se tornar possíveis testemunhas em um processo envolvendo Maxwell também estariam a bordo.
Ghislaine Maxwell foi condenada, em 2022, a 20 anos de prisão por crimes que incluem conspiração para aliciar menores a viajar com o objetivo de praticar atos sexuais ilegais e tráfico sexual de menores. Em agosto, ela foi transferida de uma penitenciária na Flórida para uma instalação de segurança mínima no Texas.
O presidente reclamou que a exposição de fotos e documentos pode destruir reputações de pessoas que mantiveram contato social com Epstein antes de suas condenações. Trump expressou simpatia por figuras públicas que voltaram a ser alvo de escrutínio, incluindo o ex-presidente Bill Clinton, que aparece em fotos divulgadas no primeiro lote de documentos.
Trump diz ter mantido uma relação apenas social com Epstein, mas afirma que os dois romperam o contato por volta de 2004, antes da primeira prisão do financista. O presidente nega qualquer irregularidade e afirma que sua presença nos voos não indica prática de crimes.
Estadão Conteúdo