O Irã aumentou a repressão desde a guerra com Israel em junho, denunciou nesta quinta-feira (30) uma comissão investigadora da ONU, que expressou preocupação, em particular, com a violação dos direitos das minorias e dos jornalistas.
“Desde março, documentamos uma deterioração maior da situação dos direitos humanos no Irã”, apontou na Assembleia Geral das Nações Unidas Sara Hossain, chefe da Missão Internacional Independente de Apuração dos Fatos sobre o Irã, formada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2022.
A repressão que se seguiu aos ataques de Israel em junho “restringiu ainda mais o espaço cívico, minou as garantias processuais e corroeu o respeito ao direito à vida”, advertiu Sara.
Israel lançou em 13 de junho uma ofensiva-surpresa contra o Irã, que levou a uma guerra de 12 dias. Sara chamou a atenção para o destino de 21 mil pessoas detidas por autoridades iranianas durante o conflito.
“Segundo informações confiáveis, entre elas havia advogados, defensores dos direitos humanos, jornalistas e usuários de redes sociais que haviam divulgado conteúdo sobre as hostilidades”, destacou Sara, acrescentando que “a repressão a minorias étnicas e religiosas sob o pretexto de segurança nacional também aumentou” no Irã.
“Nossa investigação mostra que o governo iraniano desativa continuamente os cartões SIM de jornalistas”, disse Sara, que advertiu que “a repressão renovada” não se limita às fronteiras do Irã nem é “um incidente isolado, e sim reflete uma tendência recorrente”.
“Mais de 45 jornalistas, em 7 países, enfrentam ameaças graves por cobrirem acontecimentos no Irã”, ressaltou Sara, que comparou a situação atual à repressão aos protestos de 2022 motivados pela morte de Mahsa Amini, jovem curda iraniana de 22 anos presa sob a acusação de violar o código de vestimenta imposto às mulheres, um fato que levou à criação dessa missão da ONU.
Sara também expressou preocupação com o aumento das execuções no Irã. Segundo informações confiáveis, mais de 1.200 pessoas foram executadas desde o começo do ano, o que ultrapassa o total de 2024, que já havia sido um recorde no país desde 2015, destacou.
A missão da ONU também examinou os ataques israelenses à prisão de Evin, em Teerã, que deixaram cerca de 80 mortos. “Nossa investigação preliminar mostra que os ataques atingiram prédios civis que não eram alvos militares legítimos, e que, provavelmente, eles foram intencionais.”
Sara indicou que as autoridades iranianas podem não ter tomado as medidas necessárias para proteger os detentos, que foram evacuados após os ataques e cujas famílias ficaram sem notícias suas por semanas.
© Agence France-Presse
 
										 
									 
									 
									 
									 
									 
									 
                         
							 
							 
							 
							