SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (13) que queria “paz” com os Estados Unidos.
Ele descartou que estivesse preocupado com a escalada de ataques dos Estados Unidos, que tem aumentado ofensivas no Caribe nos últimos meses. “Estamos ocupados com o povo”, disse ao repórter Stefano Pozzebo, da CNN Internacional, no meio de apoiadores durante um comício em Caracas.
Maduro também pediu o “fim de guerras eternas e injustas” e a união “pela paz do continente”. “Que se unam para a paz do continente. Sem mais guerras eternas. Sem mais guerras injustas, sem mais Líbia, sem mais Afeganistão. Vida longa à paz”, disse ao jornal.
Questionado se tinha uma mensagem para Donald Trump, o ditador falou em inglês: “Minha mensagem é: ‘yes peace'”, disse. O termo quer dizer “sim, paz” em inglês.
Fala foi dada no mesmo dia em que Trump anunciou a operação ‘Lança do Sul’, para combater o narcotráfico na América Latina. O governo americano não detalhou quando as operações iniciam, mas disse que a força-tarefa tem como intuito “proteger a pátria das drogas”.
TENSÕES ENTRE VENEZUELA E EUA
Estados Unidos enviaram maior porta-aviões do mundo à América Latina após matar mais de 70 pessoas em ataques no Caribe. O governo Trump alega que as embarcações estão envolvidas com o tráfico de drogas.
Relação entre Caracas e Washington segue abalada. As tensões se intensificaram desde que os EUA restabeleceram sanções econômicas ao petróleo venezuelano em abril, após o regime de Maduro impedir a candidatura da oposição nas eleições previstas para 2025.
A tensão mútua se manifestou em incidentes militares. Em 4 de setembro, duas aeronaves venezuelanas sobrevoaram um navio da Marinha norte-americana em águas internacionais — ação descrita como “altamente provocativa” por Washington. Dias depois, em 13 de setembro, autoridades venezuelanas denunciaram que um navio dos Estados Unidos deteve um barco de pesca em águas venezuelanas por oito horas.
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EUA ofereceram milhões para prender Maduro. O DEA (agência antidrogas dos EUA) publicou um cartaz oferecendo uma recompensa de até US$ 25 milhões por informações que levassem à prisão de Nicolás Maduro; o valor subiu para US$ 50 milhões em agosto. Os EUA acusam o ditador de envolvimento direto no “narcoterrorismo”, na importação de cocaína e em crimes relacionados a drogas. Porém, segundo o pesquisador Raphael Seabra, não foram apresentadas provas concretas da ligação concreta de Nicolás Maduro com o tráfico internacional.
Maduro afirmou que “nenhum país estrangeiro tem direito de interferir na soberania venezuelana”. Em 29 de setembro, o presidente venezuelano assinou um decreto de Estado de Emergência, concedendo poderes de segurança ampliados em caso de agressão externa. Os detalhes do documento, no entanto, permanecem secretos.