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Lula me disse que fará seu melhor pela paz na Ucrânia, diz Zelenski

Encontro bilateral durou uma hora e também abordou economia, comércio e outras questões bilaterais; diálogo sugere nova reunião em breve

Redação Jornal de Brasília

24/09/2025 15h20

Foto: Reprodução/AFP

Foto: Reprodução/AFP

JULIA CHAIB
FOLHAPRESS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma reunião bilateral com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, nesta quarta-feira (24), às margens da Assembleia-Geral da ONU. Após a reunião, Zelenski disse que Lula afirmou “fazer o possível pela paz na Ucrânia”.

O ucraniano agradeceu a “posição clara” do brasileiro sobre a guerra e disse que a conversa de uma hora com Lula também abordou tópicos como economia, comércio e outras questões bilaterais, sugerindo que os dois podem ter novo encontro em breve para continuar o diálogo.

Ao sair da reunião, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiha, afirmou também que a reunião com Lula foi muito boa e promissora.

Este é o segundo encontro entre os dois líderes desde que Lula voltou ao poder, em 2023. O pedido de encontro partiu de Zelenski.

A última solicitação foi feita em maio deste ano, quando ambos os líderes iriam se encontrar na cúpula do G7 no Canadá. Lula aceitou o convite, mas, por questões de agenda, eles não se encontraram.

A última vez que eles se reuniram foi em setembro de 2023, também às margens da Assembleia-Geral.

Meses antes, os dois se desencontraram também numa cúpula do G7 em Hiroshima (Japão), em maio, de 2023. Naquela ocasião, os dois presidentes responsabilizaram um ao outro pelo cancelamento de uma conversa que teria sido agendada e não ocorreu. Lula disse que Zelenski “não apareceu”; o ucraniano, depois, afirmou que o brasileiro “não achou tempo” para se reunir com ele.

Desde que assumiu o governo, em 2023, Lula tenta se colocar como um possível mediador para o conflito entre Ucrânia e Rússia, iniciado um antes da sua posse, mas tem recebido críticas pelo que países consideram ser uma posição mais próxima de Vladimir Putin -Lula evita culpar Moscou pela invasão.

A reunião desta quarta sinaliza nova abertura de Lula a Zelenski. Depois de ser muito criticado por dizer que, quando um não quer, dois não brigam, o brasileiro fez reparos a sua fala.

“Naquela época [de entrevista à revista Time] eu disse uma coisa que eu ouvi a vida inteira. Quando um não quer, dois não brigam. Até aquele momento, quem não vive na região não entendia muito bem por que aquela guerra estava existindo”, disse Lula, em janeiro de 2023.

“Hoje eu tenho mais clareza da razão da guerra; e eu acho que a Rússia cometeu o erro clássico de invadir o território de outro país; portanto, a Rússia está errada”, prosseguiu. “Eu continuo achando que quando um não quer, dois não brigam. É preciso que queiram paz.”

Alguns meses depois, Zelenski criticou os posicionamentos do presidente brasileiro. “Lula quer ser original, e devemos dar essa oportunidade a ele. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta.”

Logo no início do mandato, o governo tentou costurar com a China uma posição conjunta para uma futura negociação de paz na Ucrânia, o que também foi rechaçado por Zelenski.

Neste ano, Lula voltou a se engajar no tema. Após participar das celebrações dos 80 anos da vitória russa na Segunda Guerra Mundial, ele pediu a Putin, durante uma ligação, que fosse a Istambul negociar um cessar-fogo. Delegações dos dois lados da disputa se reuniram na Turquia para conversas, mas nem Putin nem Zelenski compareceram.

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