Durante os primeiros meses de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos, a Casa Branca era um lugar “hostil” para as mulheres que trabalhavam com ele e que se sentiam ignoradas na hora de tomar as decisões, segundo um livro do jornalista Ron Suskind lançado nesta terça-feira (20).
O polêmico livro “Os homens de confiança: Wall Street, Washington e a educação de um presidente”, baseado em mais de 700 horas de entrevistas com autoridades do Governo de Obama, descreve um ambiente de trabalho difícil para as mulheres na Casa Branca.
Dos trechos divulgados pela imprensa local nesta semana, destaque para uma reunião na qual Anita Dunn, ex-diretora de Comunicações da Casa Branca, afirma que o local “seria visto como um lugar de trabalho tipicamente hostil para as mulheres”.
Segundo Anita, porém, seu comentário foi “tirado de contexto” por Suskind, vencedor de um prêmio Pulitzer.
Em outra parte do livro, Christina Romer, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, relata ao jornalista um episódio no qual foi excluída de uma reunião com Obama pelo então assessor econômico Lawrence Summer.
“Me senti um pedaço de carne”, confessou Christina.
Funcionários da Casa Branca reconheceram nos últimos dias que durante os primeiros meses de Obama na Presidência houve certo descontentamento entre as mulheres de alta categoria que trabalhavam com ele, sobretudo pelos “papéis dominantes” exercidos por homens.
À medida que aumentaram as tensões entre Summer e Christina, a assessora presidencial Valerie Jarrett, uma das mais próximas a Obama, recomendou ao líder americano que abordasse o tema e levasse em conta as reivindicações do pessoal feminino, segundo o livro.
Obama propôs um jantar com as mulheres de sua equipe, o que foi feito em 5 de novembro de 2009 e no qual lhes disse, de acordo com o relato de Suskind: “Eu gostaria de saber como se sentem”.
Suskind é autor de outros livros, entre eles um no qual desmente a imagem de líder “inquisitivo e curioso” do ex-presidente George W. Bush.
Segundo testemunhos do ex-secretário do Tesouro Paul O’Neill, que se reunia com Bush duas vezes por semana, o ex-presidente era uma pessoa inescrutável que não fazia perguntas, “como um cego em um quarto de surdos”.