Menu
Mundo

Líder de seita que incitou jejum no Quênia é julgado por terrorismo

Paul Nthenge Mackenzie, um ex-taxista que se autodenominava pastor, compareceu a um tribunal de Mombaça, nas margens do Oceano Índico

Redação Jornal de Brasília

08/07/2024 8h46

files kenya crime religion cult

O autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie observa enquanto ele aparece nos tribunais de Malindi, em Malindi, em 6 de fevereiro de 2024. O líder de um culto do Juízo Final queniano foi a julgamento em 8 de julho de 2024 sob a acusação de terrorismo pela morte de mais de 400 dos seus seguidores num caso macabro que chocou o país e o mundo. O autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie compareceu ao tribunal na cidade portuária de Mombasa, no Oceano Índico, junto com 94 co-réus, disse um jornalista da AFP. (Foto da AFP)

O líder de uma seita evangélica no Quênia começou a ser julgado nesta segunda-feira (8) por acusações de terrorismo, após a morte de mais de 400 dos seus seguidores, a quem prometeu que conheceriam “Jesus”.

Paul Nthenge Mackenzie, um ex-taxista que se autodenominava pastor, compareceu a um tribunal de Mombaça, nas margens do Oceano Índico, juntamente com outros 94 acusados, indicou um jornalista da AFP.

Ele foi preso em abril de 2023, depois que 429 corpos foram encontrados na floresta de Shakahola, perto da costa queniana do Oceano Índico, onde Mackenzie pregava.

As autópsias revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, enquanto outras, incluindo crianças, teriam sido estranguladas, espancadas ou sufocadas.

Ele é acusado de ter incitado seus seguidores a jejuar até a morte para “conhecer Jesus”.

Ele e os demais réus se declararam inocentes das acusações de terrorismo durante uma audiência em janeiro. Eles também são acusados de assassinato, tortura, crueldade e sequestro em vários casos distintos.

As descobertas macabras levaram o governo queniano a determinar a necessidade de estabelecer maiores controles sobre as denominações religiosas, em um país com uma história de pastores autoproclamados, que luta para regulamentar igrejas e cultos envolvidos na criminalidade.

Um relatório de uma comissão do Senado apontou “falhas” da polícia e do sistema judicial, que não impediram a atividade do pastor, apesar de ter sido preso várias vezes por extremismo.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia também afirmou em um relatório em março que a polícia ignorou vários avisos sobre a seita, incluindo de um antigo seguidor que pediu ajuda no Facebook em novembro de 2022.

Em março, as autoridades começaram a devolver os corpos das vítimas aos seus familiares, após quase um ano de trabalho para identificá-los com base no DNA.

O governo anunciou que a floresta Shakahola se tornará um “lugar de memória”, “para que os quenianos e o mundo não esqueçam o que aconteceu”.

© Agence France-Presse

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado