A líder ultradireitista Marine Le Pen defendeu, nesta segunda-feira (14), sua inocência por suposta malversação de fundos públicos europeus quando era eurodeputada, um caso que pode custar sua candidatura à eleição presidencial de 2027 na França.
“Não tenho de forma alguma a sensação de ter cometido a menor irregularidade, a menor ilegalidade”, afirmou Le Pen perante o tribunal correcional de Paris, no seu primeiro interrogatório desde o início do julgamento em 30 de setembro.
Este tribunal julgará até o final de novembro Le Pen, seu partido Reagrupamento Nacional (RN) e outras 24 pessoas por pagarem com dinheiro do Parlamento Europeu os empregados de sua formação entre 2004 e 2016.
“Claro, escolhi meus assistentes parlamentares ou decidi de maneira perfeitamente consciente, pensando-los com outros eurodeputados”, afirmou agora deputada francesa de 56 anos, reiterando um de seus argumentos de defesa.
A investigação revelou uma implementação “de forma orquestrada e deliberada” de um “sistema de malversação” dos 21.000 euros (R$ 128,3 mil na cotação atual) mensais que cada eurodeputado tem para pagar seus assistentes parlamentares.
Mas, segundo o pesquisador, os assistentes tiveram que trabalhar, na verdade, parcial ou totalmente para o partido Frente Nacional (FN), transformado no RN em 2018, que teria economizado quantias significativas de dinheiro com essa prática proibida pela legislação europeia.
Durante sua declaração, Marine Le Pen evitou responder a perguntas sobre questões específicas e tentou levar o debate para o campo da política. “Acredito que os deputados trabalham em benefício de suas ideias. E quem defende suas ideias? Seu partido”, afirmou.
“O Parlamento Europeu funciona de tal maneira que engole os eurodeputados”, explicou a acusada, defendendo a importância dos parlamentares que estão em contacto com os seus deputados.
Os acusados enfrentaram penas de até 10 anos de prisão e um milhão de euros de multa (R$ 6,1 milhões). Mas o maior risco para Le Pen seria a imposição de uma pena dura de 10 anos de inelegibilidade, algo que acabaria com suas ambições presidenciais para 2027.
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