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Israelenses retornam às urnas para a quinta eleição em menos de quatro anos

Aos 73 anos, o chefe de Governo mais longevo da história do país tenta reunir a maioria de 61 deputados dos 120 do Parlamento

Redação Jornal de Brasília

31/10/2022 8h52

Foto: AFP

Os israelenses comparecem às urnas na terça-feira (1) para as quintas eleições legislativas em menos de quatro anos, que podem marcar o retorno ao poder do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção.

Aos 73 anos, o chefe de Governo mais longevo da história do país tenta reunir a maioria de 61 deputados dos 120 do Parlamento, ao lado de seus aliados dos partidos ultraortodoxos e de extrema-direita.

As pesquisas mais recentes projetam 60 cadeiras para o “bloco de direita” de Netanyahu, contra 56 para o atual primeiro-ministro, o centrista Yair Lapid, e seus aliados. 

Nos cartazes de campanha, Netanyahu mostra o adversário ao lado de líderes de partidos árabes. “Uma vez é suficiente!”, afirma uma das mensagens que classifica o governo de Lapid como “perigoso”.

Lapid estabeleceu em 2021 uma “coalizão de mudança”, que reunia partidos de direita, esquerda, centro e uma formação árabe, com o objetivo de derrotar Netanyahu, acusado em corrupção em vários processos.

Um ano mais tarde, no entanto, a coalizão perdeu a maioria no Parlamento com a saída de deputados de direita, o que levou o governo a convocar novas eleições, as quintas em três anos e meio.

“O pior cenário é a continuidade da instabilidade política, que provocaria instabilidade social e econômica”, afirma Leon Shvartz, dono de um bar em Jerusalém.

“Muitas pessoas que conheço estão simplesmente desesperadas, e este desespero vem do fato de que não observam um horizonte, nenhuma estabilidade futura”, lamenta o homem de 43 anos.

A campanha, que começou de maneira lenta, acelerou nos últimos dias com partidos religiosos que exibem cartazes nas ruas de Jerusalém e formações árabes que distribuem panfletos nas cidades da Galileia e pediu o apoio da esquerda israelense. 

“Sem a nossa presença, a direita formará um governo majoritário. Para impedi-los, precisamos de vocês. Seu voto pode fazer a diferença”, disse Ahmed Tibi, um dos líderes da lista árabe Hadash-Taal, em hebraico, na noite de domingo.

Em 2020, os partidos árabes israelenses conquistaram um recorde de 15 cadeiras com uma campanha conjunta. Mas desta vez estão na disputa com três listas separadas: Raam (islamita moderado), Hadash (laico) e Balad (nacionalista).

No sistema proporcional israelense, uma lista deve obter 3,25% dos votos para entrar no Parlamento, com o mínimo de quatro deputados. Caso não alcance a cláusula de barreira, o partido fica sem representantes na Knesset.

Divididos, os partidos árabes podem não atingir o mínimo necessário e favorecer a vitória do partido de Netanyahu e seus aliados. 

Desiludido, Rami Abu Sharem, um árabe israelense de 29 anos, não pretende votar pela primeira vez em sua vida. 

“O crime aumenta ano após ano. E não investem em educação para a minoria árabe, em particular na comunidade beduína”, lamenta.

Segurança

As eleições acontecem em um momento de tensão na Cisjordânia ocupada, com dois atentados executados por palestinos nos últimos dias.

Após uma série de atentados contra Israel nos últimos meses, o exército efetuou mais de 2.000 operações na Cisjordânia.

As incursões, que muitas vezes provocam confrontos, deixaram mais de 120 mortos do lado palestino, o maior número de vítimas em sete anos. 

A imprensa questiona nesta segunda-feira se a violência terá a “última palavra” nas eleições, o que ajudaria a direita.

© Agence France-Presse

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