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Israel mata no Líbano chefe militar do Fatah e continua bombardeando Gaza

Israel havia acusado Jalil al Maqdah, dirigente das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa – o braço armado do Fatah -, de trabalhar para o Irã e estar envolvido em “ataques terroristas”

Redação Jornal de Brasília

21/08/2024 16h42

Foto: AFP

Israel matou nesta quarta-feira (21) no Líbano um chefe militar do Fatah, um movimento rival do Hamas, e bombardeou continuamente Gaza, após uma viagem pelo Oriente Médio do secretário de Estado dos Estados Unidos que terminou sem avanços na busca de uma trégua nesse território palestino.

O assassinato de Jalil al Maqdah, em um bombardeio na cidade libanesa de Sídon, é o primeiro realizado por Israel desde o início da guerra em Gaza contra um líder do Fatah, uma organização com sede na Cisjordânia ocupada.

A morte de Maqdah é “mais uma prova de que Israel quer desencadear uma guerra de grande escala na região”, acusou o Fatah, o partido de Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina que administra parcialmente a Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967 .

Israel havia acusado Jalil al Maqdah, dirigente das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa – o braço armado do Fatah -, de trabalhar para o Irã e estar envolvido em “ataques terroristas”.

A guerra em Gaza, que começou após o ataque brutal do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023, já ceifou dezenas de milhares de vidas no território palestino, onde cerca de 2,4 milhões de pessoas estão mergulhadas em uma situação humanitária catastrófica .

Desde que o conflito começou, a troca de fogo entre o Hezbollah libanês e Israel ocorre quase que diariamente. Além disso, Israel eliminou muitos combatentes e dirigentes desse movimento islâmico apoiado pelo Irã e aliado do Hamas.

Nas últimas 24 horas, o Exército israelense cometeu vários ataques no sul e no leste do Líbano, matando seis pessoas, entre eles o dirigente do Fatah, segundo as autoridades libanesas.

O Hezbollah, por sua vez, reivindicou o disparo de foguetes contra posições militares no norte de Israel, cujas forças contabilizaram uma centena de projetos disparados contra esse setor e também contra as Colinas da Golã, território sírio anexado a Israel.

“Israel responderá com força à agressão incessante” do Hezbollah, anunciou o porta-voz do governo israelense, David Mencer. “O Líbano será responsabilizado pelo terrorismo procedente do seu território, controle ou não do Hezbollah”, acrescentou.

– Blinken: uma ‘última oportunidade’ –

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, concluiu na terça-feira (21) sua nona viagem ao Oriente Médio desde o início da guerra.

Após visitar Israel, Egito e Catar, o chefe da diplomacia americana anunciou que a proposta de seu país para uma trégua no território palestino pode ser “a última oportunidade” para conseguir a paz entre Israel e o Hamas.

Blinken garantiu que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou o plano e pediu ao Hamas na terça-feira que fizesse a mesma coisa.

Mas, segundo a imprensa israelense, Netanyahu insiste em manter o controle do Corredor Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito. Blinken enfatizou a oposição de seu país a uma “ocupação de longo prazo de Gaza por parte de Israel”.

São esperadas esta semana no Egito novas conversas entre Israel e os mediadores -Estados Unidos, Catar e Egito -, após as conversas que ocorreram na semana passada em Doha.

– Aplicação do Hamas exige plano anunciado por Biden –

O Hamas disse que “deseja um cessar-fogo”, mas rejeitou as “novas condições” impostas por Israel.

O movimento palestino exige a aplicação do plano anunciado em 31 de maio pelo presidente americano Joe Biden, que contempla uma trégua de seis semanas junto com a retirada de tropas israelenses das áreas densamente povoadas de Gaza e a liberação de reféns sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

Numa segunda fase, prevê a retirada total israelense do território palestino.

Mas Netanyahu reitera que continuar com a guerra até conseguir a destruição do Hamas, que é classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia (UE).

Washington considera que um cessar-fogo ajudaria a evitar uma conflagração regional, incluindo um possível ataque contra Israel por parte do Irã e de seus aliados em represália pelo assassinato do chefe do Hamas em 31 de julho em Teerã, uma ação que atribui a Israel.

A guerra estourou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes islâmicos invadiram o sul de Israel e mataram 1.199 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Também fizeram 251 reféns, 105 dos quais continuam em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos.

A ofensiva de Israel na Faixa de Gaza já matou pelo menos 40.223 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que não distingue entre civis ou combatentes. Segundo a ONU, as vítimas são mulheres e menores de idade em sua maioria.

– ‘Não podia respirar’ –

A Defesa Civil do território palestino indicou quarta-feira que duas pessoas morreram e dez crianças morreram em um bombardeio israelense contra uma escola que abrigava deslocados na Cidade de Gaza, no norte. Israel acusou o Hamas de esconder uma base no local.

Em outras partes de Gaza, três palestinos morreram, entre eles um menino, em bombardeios israelenses, segundo a mesma fonte.

“O que fizemos contra eles? Por que nos atacaram? Somos crianças! Estávamos dormindo e acordei cobertos de escombros. Não pude respirar”, lamentou um menino palestino, deitado em uma maca após ficar ferido em um ataque israelense em Jabaliya, no norte de Gaza.

© Agence France-Presse

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