Israel afirmou que bombardeou, nesta quinta-feira (3), o quartel-geral de inteligência do Hezbollah em Beirute, enquanto o exército israelense trava combates terrestres apoiados por ataques aéreos contra milicianos do movimento islâmico no sul do Líbano.
Após uma campanha de intensos bombardeios contra a organização pró-iraniana, os quais deixaram mais de 1.000 mortos em todo o Líbano, segundo as autoridades libanesas, o Exército israelense iniciou na segunda-feira incursões terrestres em várias áreas do sul, um dos redutos do Hezbolá.
Nesta quinta-feira, uma aviação israelense atacou “o quartel-geral de inteligência” do movimento nas áreas específicas da capital libanesa, anunciou o exército.
Quase um ano após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo palestino Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense, Israel anunciou, em meados de setembro, que o “centro de gravidade” do conflito havia se deslocado para o norte, na fronteira libanesa.
Israel afirma que busca enfraquecer o Hezbollah, que iniciou hostilidades contra Israel em apoio ao Hamas, seu aliado, para permitir o retorno de cargas de milhares de pessoas deslocadas pela violência nas regiões de fronteira.
O Exército Libanês afirmou, nesta quinta-feira, que pela primeira vez em um ano respondeu a disparos israelenses no sul do Líbano após a morte de dois de seus soldados.
O temor de uma escalada do conflito no Oriente Médio aumentou depois do Irã lançar quase 200 mísseis contra Israel na terça-feira, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que a República Islâmica pagará por seu “grande erro”.
– “De uma guerra para outra” –
O Irã disse que agiu em resposta ao assassinato do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em 27 de setembro, em um bombardeio israelense perto de Beirute, e à morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, abatido em 31 de julho em um ataque com explosivos em Teerã que foram atribuídos a Israel.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou nesta quinta-feira que está em conversas com Israel sobre a possibilidade de atacar as instalações petrolíferas iranianas.
No quarto dia desde o início das incursões terrestres no sul do Líbano, Israel tentou a evacuação de 25 localidades do sul libanês.
Antes do amanhecer, as tropas israelenses bombardearam um centro de atendimento de emergência gerido pelo Hezbollah no centro de Beirute, matando pelo menos sete pessoas, segundo o grupo.
O Exército israelense anunciou nesta quinta-feira que matou 15 combatentes do Hezbollah em um bombardeio noturno contra um “edifício da prefeitura de Bint Jbeil”, onde afirmou que “estavam guardados grandes pedaços de armas” da milícia.
A agência de notícias libanesa ANI relatou bombardeios no sul e no leste do Líbano, dois redutos do movimento islâmico.
Os potentes bombardeios noturnos, que também atingiram os subúrbios do sul de Beirute, fizeram os muros dos edifícios tremerem, contaram vários moradores.
Segundo números ficiais libaneses, mais de 1.928 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, das quais mais de mil desde as explosões de equipamentos de comunicação do Hezbollah em 17 e 18 de setembro, atribuídas a Israel, e o início dos bombardeios sólidos em 23 de setembro setembro contra o sul e o leste do país e os subúrbios do sul de Beirute.
Mais de 40 socorristas e bombeiros morreram em três dias nos bombardeios israelenses, segundo as autoridades libanesas.
O governo do Líbano estima que cerca de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas por esses ataques.
“Estamos indo de uma guerra para outra”, lamenta Ahmad Mustafa, um sírio de 46 anos que, dez anos depois de fugir para o Líbano por causa da guerra civil, voltou ao seu país natal com sua mulher e seus três filhos.
A suspensão dos voos comerciais de várias companhias aéreas levou vários governos a organizar operações para evacuar seus cidadãos.
– Bombardeios em Gaza –
O Hezbollah disse, por sua vez, que repeliu duas incursões israelenses perto da fronteira, detonando artefatos explosivos contra uma delas.
O grupo também disse que disparou foguetes contra Tiberíades, no norte de Israel.
O Exército israelense, que informou sobre a morte de sete soldados desde segunda-feira no sul do Líbano, anunciou que mobilizou uma segunda divisão como reforço.
Enquanto isso, os bombardeios continuam na Faixa de Gaza e nesta quinta-feira mataram pelo menos sete pessoas, segundo a Defesa Civil.
Israel está em guerra com o Hamas desde que o movimento islâmico palestino lançou um ataque sem precedentes em 7 de outubro de 2023, o que deixou 1.205 mortos, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Até o momento, a explosão israelense deixou mais de 41.788 mortos no território estreito palestino, em sua maioria civis, segundo as autoridades do governo do Hamas.
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