Investigadores ucranianos acusaram, nesta terça-feira (11), Timur Mindich, um aliado-chave do presidente Volodimir Zelensky, de orquestrar um esquema de corrupção de 100 milhões de dólares (R$ 527,4 milhões, na cotação atual).
Este último escândalo de corrupção na indústria energética da Ucrânia aumentou a indignação da opinião pública pelas acusações de desvio de fundos em um setor muito afetado pela guerra com a Rússia.
Mindich é um dos proprietários da produtora audiovisual Kvartal 95, fundada no início dos anos 2000 por Zelensky, que antes de ingressar na política era um ator de comédia.
“Mindich exercia controle sobre o acúmulo, distribuição e legalização do dinheiro obtido por meios ilícitos no setor energético da Ucrânia”, afirmou um advogado da Procuradoria Especializada Anticorrupção.
O suspeito utilizou “suas relações amistosas com o presidente da Ucrânia” em suas atividades ilícitas, acrescentou o procurador em uma audiência anterior ao julgamento de um acusado pelo esquema.
A procuradoria anticorrupção também acusou o ex-ministro da Energia, German Galushchenko, de receber “benefícios pessoais” de Mindich em troca do controle dos fluxos financeiros do setor de energia.
O Escritório Nacional Anticorrupção (Nabu) informou na segunda-feira que descobriu vários casos de corrupção neste setor após realizar dezenas de buscas que levaram à prisão de cinco pessoas e a processos contra sete.
Esses casos foram revelados por uma investigação que durou 15 meses sobre a indústria energética, muito afetada desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.
O diretor das equipes de investigação do Nabu, Oleksandr Abakumov, declarou à televisão estatal ucraniana que Mindich deixou o país pouco antes das buscas.
Essas acusações de corrupção, quando essa indústria está sob ataques constantes, aumentaram a indignação da população, que sofre com os cortes de energia.
A luta contra a corrupção sistêmica na Ucrânia é uma das principais reformas que a União Europeia exige da Ucrânia como parte de sua candidatura para entrar no bloco.
O anúncio da operação desta semana ocorreu após meses de tensões entre essas agências anticorrupção e o governo, que tentou que esses organismos passassem a ser supervisionados pelo Executivo.
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