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Homem pega prisão perpétua na França por queimar sua esposa viva

Este caso, que a promotora Cécile Kauffman descreveu durante o julgamento em Bordeaux como um “ataque homicida com intenção de extermínio”, comoveu a França

Redação Jornal de Brasília

28/03/2025 18h51

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Manifestantes seguram cartazes e levantam o punho durante uma manifestação organizada por várias associações feministas à margem do julgamento do marido de Chahinez Daoud, em frente ao tribunal de Bordeaux em 24 de março de 2025. O julgamento de Mounir Boutaa, que queimou viva sua esposa Chahinez Daoud na rua em 2021 em Merignac, acontece no Tribunal de Assizes de Gironde até 28 de março de 2025. (Foto de Christophe ARCHAMBAULT / AFP)

A Justiça condenou nesta sexta-feira (28) à prisão perpétua um homem pelo assassinato de sua esposa, contra quem ele atirou em ambas as pernas antes de queimá-la viva perto de Bordeaux, no sudoeste da França, em maio de 2021.

Este caso, que a promotora Cécile Kauffman descreveu durante o julgamento em Bordeaux como um “ataque homicida com intenção de extermínio”, comoveu a França e se tornou um símbolo da violência de gênero.

Em 4 de maio de 2021, Mounir Boutaa, um trabalhador da construção civil franco-argelino de 48 anos, atirou contra sua esposa Chahinez Daoud nas pernas com uma escopeta, depois derramou gasolina sobre ela e ateou fogo.

Escondido desde a madrugada em um furgão adaptado para observar sem ser visto, o homem vigiou durante todo o dia a mulher de 31 anos, com quem se casou em 2015, antes de matá-la.

Durante o julgamento, Boutaa assegurou que queria lhe dar “um susto de morte”, mas sem matá-la, ao pensar, sem fundamento, que ela era infiel. “Não fui eu, não era o meu corpo, não era a minha mente”, acrescentou ele sobre o assassinato.

Pressionado por uma de suas advogadas, Elena Badescu, o homem disse nesta quinta que lamentava o sucedido. “Eu a amava”, acrescentou o condenado, que foi descrito pelos médicos como “paranoico”.

“Matar porque amamos loucamente é uma aberração”, ressaltou a promotora, que lembrou que a vítima estava “bem viva quando este homem lhe ateou fogo”. “85% de seu corpo estava queimado”, acrescentou.

Por esses fatos, o tribunal o condenou à prisão perpétua e lhe impôs um período de 22 anos durante o qual não terá direito à progressão de pena, ao estimar sua “periculosidade”.

A vítima tinha três filhos, entre eles dois de uma relação anterior, e “vivia com medo”, asseguraram suas amigas. Seu marido controlava seu celular e seu Facebook, e também tentava impedi-la de trabalhar.

Um mês e meio antes de sua morte, a mulher apresentou uma denúncia contra o homem, com quem queria romper o relacionamento, mas um policial, que tinha acabado de ser condenado por violência doméstica, fez mal o registro.

Chahinez Daoud “não queria ser prisioneira, ser um brinquedo, por isso a mataram”, assegurou seu pai.

© Agence France-Presse

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