O movimento islamista Hamas afirmou nesta quinta-feira (10) à AFP que o anúncio do presidente Emmanuel Macron, de que a França pode reconhecer o Estado palestino em junho, é “um passo importante”.
Mahmud Mardawi, um alto comandante do Hamas, que governa em Gaza, declarou que o anúncio é “um passo importante que, se implementado, constituiria uma mudança positiva na posição internacional em relação aos direitos nacionais legítimos” do povo palestino.
“A França, como país com importante peso político e que é membro permanente do Conselho de Segurança (da ONU), tem a capacidade de influenciar o curso de soluções justas e pressionar pelo fim da ocupação, e de concretizar as aspirações do povo palestino”, disse.
Macron anunciou nesta quarta-feira (9) que a França poderia reconhecer o Estado palestino “em junho”, durante uma conferência que copresidirá com a Arábia Saudita na sede da ONU em Nova York e que permitiria, segundo o presidente, o reconhecimento do Estado palestino e de Israel por diferentes países.
“Deveríamos caminhar rumo ao reconhecimento e avançaremos nos próximos meses”, declarou Macron em uma entrevista ao canal France 5, transmitida na quarta-feira.
“Nosso objetivo é que, em algum momento de junho, junto com a Arábia Saudita, nessa conferência, possamos concluir esse movimento de reconhecimento mútuo de várias partes”, acrescentou.
“Farei isso (…) porque acredito que, em algum momento, é o justo a se fazer e porque também quero participar de uma dinâmica coletiva que possa permitir que todos aqueles que defendem a Palestina reconheçam, por sua vez, Israel — o que muitos deles não fazem”, completou.
A ministra das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Varsen Aghabekian Shahinm, celebrou o anúncio como “um passo na direção certa”.
A Autoridade Palestina, cuja força predominante é a formação Fatah, é rival do Hamas e administra parcialmente a Cisjordânia ocupada.
Os apelos pela implementação da “solução de dois Estados”, um palestino e um israelense, multiplicaram-se desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023.
Hoje, quase 150 países reconhecem o Estado palestino. Em maio de 2024, Irlanda, Noruega e Espanha deram este passo, seguidas pela Eslovênia, em junho.
Mas grandes potências europeias como França, Alemanha e Itália se abstiveram até então.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeita a solução de dois Estados.
Para Macron, isso também permitirá esclarecer os fatos para “lutar contra aqueles que negam o direito de Israel existir, como é o caso do Irã”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, classificou o anúncio de Macron como “uma recompensa para o terrorismo e um apoio para o Hamas”.
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