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França, Reino Unido e Alemanha ativam mecanismo para reimpor sanções da ONU ao Irã

Grupo de países, conhecido como E3, notificou o Conselho de Segurança da ONU que acredita que “o Irã está em uma posição de descumprimento significativo de seus compromissos”

Redação Jornal de Brasília

28/08/2025 13h36

Foto: Yasin Akgul/AFP

Foto: Yasin Akgul/AFP

França, Reino Unido e Alemanha ativaram, nesta quinta-feira (28), o mecanismo que permite a reimposição de sanções da ONU contra o Irã em até 30 dias devido ao descumprimento de seus compromissos com o programa nuclear.

Este grupo de países, conhecido como E3, informou ao Conselho de Segurança da ONU que acredita que “o Irã está em uma posição de descumprimento significativo de seus compromissos” sob o acordo nuclear de 2015, segundo uma carta enviada à qual a AFP teve acesso.

Portanto, invocam “o mecanismo conhecido como ‘snapback'”, que inicia um processo de 30 dias que permite a reimposição de uma série de sanções suspensas há dez anos, afirma a carta.

O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, prometeu que seu país responderá a esta decisão, que ele descreveu como “ilegal e injustificada”.

Além disso, o Ministério das Relações Exteriores iraniano alertou em um comunicado que “esta decisão dos três países europeus prejudicará seriamente o processo em andamento de interação e cooperação entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”.

Este grupo de países europeus ameaça reativar as sanções após não ter conseguido obter progressos diplomáticos depois da guerra entre Irã e Israel em junho. Durante este conflito de 12 dias, Israel e os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas.

A guerra paralisou as negociações em andamento entre os Estados Unidos e o Irã. Teerã restringiu a cooperação com o órgão de vigilância nuclear da ONU e as negociações com os países europeus acabaram não produzindo resultados.

Os países do E3 usarão esse período de 30 dias para tentar encontrar uma solução negociada para evitar a reimposição de sanções, acrescentaram em carta o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, e seus homólogos britânico, David Lammy, e alemão, Johann Wadephul.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, elogiou o “restabelecimento” das sanções, mas afirmou que seu país permanece aberto a um compromisso direto com o Irã, em busca de uma resolução pacífica e duradoura para a questão nuclear iraniana.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, saudou a decisão dos países europeus, que ele descreveu como um “passo importante” para interromper o programa nuclear iraniano.

Por outro lado, o vice-embaixador russo na ONU, Dimitry Polyanskiy, afirmou que essa “ação dos países europeus, em nossa opinião, não tem absolutamente nenhum impacto legal”.

O Conselho de Segurança da ONU, composto por Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China, realizará uma reunião de emergência na sexta-feira para abordar o programa nuclear iraniano.

– Risco de escalada –

Há décadas, potências ocidentais afirmam que o programa nuclear do Irã tem objetivos militares, algo que Teerã nega.

O acordo internacional de 2015, assinado entre o Irã e as principais potências, visava garantir que o programa tivesse fins civis, em troca do levantamento das sanções contra Teerã.

Este acordo foi prejudicado pela retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, que reimpôs as sanções. O Irã gradualmente recuou de seus compromissos.

Após a guerra contra Israel, o Irã suspendeu a cooperação com a AIEA e criticou o órgão por não ter condenado os bombardeios contra suas instalações nucleares.

Os especialistas estimam que os bombardeios de Israel causaram danos às infraestruturas, mas não destruíram o programa nuclear, e não está claro onde estão as reservas de urânio enriquecido.

Uma fonte diplomática francesa indicou que os europeus disseram ao Irã que “não querem recorrer à escalada e que deveriam usar esses 30 dias para promover esforços”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou a usar o prazo como “uma oportunidade para evitar uma escalada e avançar rumo à paz”.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha afirmou que espera do Irã total cooperação com a AIEA e um “claro compromisso com as negociações com os Estados Unidos”.

© Agence France-Presse

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