A fome em Gaza não diminuiu desde que a trégua entre Hamas e Israel entrou em vigor e a ajuda que entra no território palestino é insuficiente, denunciou, nesta quinta-feira (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A situação continua catastrófica porque o que chega não é suficiente”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aos jornalistas.
“A fome não diminui porque não há alimentos suficientes”, acrescentou na sede da agência sanitária da ONU em Genebra.
Israel impediu repetidamente que a ajuda entrasse na Faixa de Gaza durante a guerra, agravando a situação humanitária no território sitiado.
No final de agosto, as Nações Unidas declararam oficialmente a fome em várias partes da Faixa de Gaza costeira, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
O acordo de cessar-fogo, negociado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em vigor em 10 de outubro e prevê a entrada de 600 caminhões de ajuda por dia.
No entanto, atualmente entram apenas 200 a 300 caminhões diários, destacou Tedros.
E “uma boa parte destes caminhões são comerciais”, disse, destacando que muitas pessoas no território não possuem recursos para comprar produtos.
“A crise está longe de ter terminado e as necessidades são imensas”, já que a ajuda enviada “representa apenas uma fração do que é necessário”, insistiu.
O sistema sanitário de Gaza ficou devastado após dois anos de guerra, desencadeada pelos ataques do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
“Não há hospitais que funcionem plenamente em Gaza e apenas 14 dos 36 estão operacionais. Há uma escassez crítica de medicamentos essenciais, equipamentos e pessoal da saúde”, afirmou Tedros.
Para reconstruir o sistema sanitário em Gaza, serão necessários ao menos 7 bilhões de dólares (cerca de 37,7 bilhões de reais), disse.
AFP