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Mundo

FBI corta relações com entidade judaica que fez críticas a Charlie Kirk

Até aqui, a polícia federal americana utilizava dados coletados pela ADL para monitorar antissemitismo nos EUA

Redação Jornal de Brasília

01/10/2025 22h18

Foto: AFP

VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O FBI anunciou nesta quarta-feira (1º) que vai cortar relações com a ADL (Liga Anti-Difamação, na sigla em inglês), uma das mais antigas entidades judaicas dos Estados Unidos, depois que um relatório da organização veio à tona na qual classifica de extremista a Turning Point USA, fundada pelo influenciador trumpista Charlie Kirk.


Até aqui, a polícia federal americana utilizava dados coletados pela ADL para monitorar antissemitismo nos EUA e trabalhava com a organização para treinar agentes no combate a crimes de ódio. “Essa era acabou”, escreveu no X o diretor da corporação, Kash Patel. “O FBI não vai ter parcerias com organizações políticas que se disfarçam de fiscalizadoras.”


Patel justificou a medida dizendo que a cooperação havia sido firmada pelo ex-diretor James Comey, desafeto do presidente Donald Trump e indiciado pelo Departamento de Justiça por sua atuação contra o republicano após pressão da Casa Branca.


Ao mesmo tempo, entretanto, a ADL vinha sofrendo ataques da direita trumpista depois que um relatório da entidade que classificava de extremista a organização de Kirk começou a circular entre apoiadores do presidente. O relatório, intitulado “Glossário de Extremismo e Ódio”, incluía a Turning Point USA em uma lista de grupos conhecidos por “declarações preconceituosas”, o que foi visto por apoiadores de Trump como uma forma de justificar o assassinato de Kirk.


O influenciador, baleado no último dia 10 em uma universidade em Utah, tinha falas consideradas racistas, machistas, homofóbicas e antissemitas por críticos. O influenciador havia dito, por exemplo, que judeus ricos “financiam as bases filosóficas do preconceito contra brancos”, que judeus estariam por trás da alta da imigração aos EUA com o objetivo de “substituir a raça branca”, e que judeus “controlam as ONGs, as universidades, Hollywood, tudo”, um clássico estereótipo antissemita.


Depois dos ataques da direita, a ADL recuou e retirou do seu site o relatório completo, que incluía também informações sobre uma série de grupos, como a Ku Klux Klan e a Irmandande Ariana, grupo neonazista americano.


A ADL é considerada uma entidade próxima do governo e apoia a campanha do governo Trump contra universidades americanas em nome de combater o antissemitismo em campi após protestos pró-Palestina. Seu diretor, Jonathan Greenblatt, chegou a insinuar que líderes estudantis teriam relações com o grupo terrorista Hamas e deveriam ser investigados, punidos e, caso fossem estrangeiros, deportados.


Por essa razão, e por seu forte apoio ao Estado de Israel, a ADL sofre duras críticas da esquerda americana, incluindo de outras entidades judaicas, que a acusam de banalizar o combate ao antissemitismo e de se furtar do tema quando envolve aliados de Trump. Quando o bilionário Elon Musk, fez uma saudação considerada nazista em um comício em janeiro, por exemplo, a ADL emitiu uma nota ambígua que não condenava o gesto.

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