O Exército israelense anunciou, nesta quarta-feira (13), que aprovou o plano para uma nova ofensiva na Faixa de Gaza, onde o Hamas condenou suas incursões terrestres “agressivas” na Cidade de Gaza, a maior aglomeração urbana no território palestino.
Testemunhas relataram intensos ataques aéreos sobre a cidade, assim como a presença de tanques israelenses e fortes explosões nos bairros de Tal al Hawa e Zeitoun, onde o Exército estava demolindo casas.
Após 22 meses de guerra, Israel quer tomar o controle da cidade do norte do território e dos campos de refugiados próximos, uma das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza. Com a ofensiva, as tropas israelenses pretendem desmantelar os últimos redutos do Hamas.
Por ordem do gabinete militar do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Exército, que atualmente controla 75% do território, se prepara para iniciar a nova fase de suas operações com o objetivo de libertar todos os reféns israelenses mantidos em Gaza e “derrotar” o Hamas.
O chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, “aprovou a principal estrutura do plano operacional do Exército na Faixa de Gaza”, afirma um comunicado militar, que não deu nenhuma data para a ofensiva.
O movimento islamista palestino denunciou “incursões agressivas na Cidade de Gaza” e uma “escalada perigosa por parte de Israel”.
Nas ruas da cidade, as famílias palestinas voltaram a fugir, com suas bagagens e colchões empilhados em bicicletas e carroças.
– “Tanques avançam” –
“Há vários dias, os tanques avançam (…) na parte sudeste do bairro de Zeitoun, destruindo casas. Os tanques também avançam na parte sul de Tal al Hawa”, contou à AFP Abu Ahmed Abbas, um homem de 46 anos que teve a casa destruída neste bairro.
“Os ataques são muito intensos e desde domingo também há fogo de artilharia”, acrescentou.
“As explosões são maciças, há muitos bombardeios (…) Os tanques continuam lá e vi dezenas de civis fugindo” para o oeste da cidade, disse Fatum, uma mulher de 51 anos que mora com o marido e a filha em uma barraca de camping em Tal al Hawa.
Segundo a Defesa Civil de Gaza e fontes médicas, 45 palestinos, incluindo vários menores de idade, morreram nesta quarta-feira vítimas de disparos israelenses. Pelo menos 11 deles aguardavam por ajuda humanitária.
O anúncio da aprovação do plano coincide com o anúncio do Hamas de que uma delegação do movimento chegou ao Cairo para “diálogos preliminares” com autoridades egípcias sobre uma nova trégua.
O Egito informou, na terça-feira, que estava trabalhando com o Catar e os Estados Unidos para obter um cessar-fogo de 60 dias na Faixa de Gaza, onde a guerra começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque sem precedentes do Hamas contra o território israelense.
Netanyahu afirmou no domingo que o plano israelense “não tinha como objetivo ocupar Gaza, e sim desmilitarizá-la”.
– “Parem a guerra!” –
O primeiro-ministro enfrenta forte pressão da opinião pública de seu país, comovida com o destino dos 49 reféns que permanecem retidos em Gaza, incluindo 27 que morreram, segundo o Exército.
No exterior, os apelos são cada vez mais intensos para acabar com o sofrimento dos mais de dois milhões de habitantes do território, ameaçados pela “fome generalizada”, segundo a ONU.
O Hamas fez um chamado, nesta quarta-feira, a “continuar a mobilização maciça contra a agressão, o genocídio e a fome” em Gaza, com “dias de marcha e de ira contra a ocupação e seus apoios” para a sexta, o sábado e o domingo em frente “às embaixadas sionistas e americanas” em todo o mundo.
O ataque do Hamas de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, causou a morte de 1.219 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais.
A ofensiva israelense matou pelo menos 61.722 palestinos, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.
O chefe do Estado-Maior israelense destacou, nesta quarta-feira, “a importância de aumentar a disponibilidade e a preparação das tropas para o recrutamento de reservistas”, uma questão política delicada, já que os ultraortodoxos, que potencialmente representam dezenas de milhares de homens, se recusam a cumprir o serviço militar obrigatório.
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