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Ex-secretário do Tesouro dos EUA se afasta de vida pública após publicação de emails com Jeffrey Epstein

A reação veio após a divulgação, por um comitê da Câmara, de milhares de páginas de documentos do espólio de Epstein

Redação Jornal de Brasília

18/11/2025 0h01

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Esta foto, obtida em 10 de julho de 2019, cortesia do Departamento de Polícia da Flórida, mostra Jeffrey Epstein em um panfleto de agressor/predador sexual em 25 de julho de 2013. Em 17 de julho de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou processar o The Wall Street Journal após a publicação de uma matéria sobre uma suposta carta imprópria escrita por ele ao falecido financista Jeffrey Epstein, que continha um desenho de uma mulher nua. Trump enfrenta a divisão mais séria em sua leal base de direita desde que retornou ao poder, devido a alegações de que seu governo está encobrindo detalhes escabrosos dos crimes de Epstein para proteger figuras ricas e poderosas. (Foto de HO / Departamento de Polícia da Flórida / AFP)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ex-secretário do Tesouro dos EUA e ex-presidente da Universidade Harvard Larry Summers afirmou nesta segunda-feira (17) estar “profundamente envergonhado” por manter contato com Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais, e anunciou que vai se afastar de compromissos públicos enquanto tenta “reconstruir confiança e reparar relações”. Ele disse, porém, que continuará dando aulas na universidade, mesmo diante da pressão para que a instituição rompa vínculos com ele.


A reação veio após a divulgação, por um comitê da Câmara, de milhares de páginas de documentos do espólio de Epstein. Entre elas, apareceram anos de trocas pessoais entre os dois, envolvendo comentários de teor sexista e pedidos de conselhos amorosos feitos por Summers. As mensagens abrangem temas variados —de política internacional ao comportamento de Donald Trump— e seguem até 2019, meses depois de o jornal Miami Herald expor novos detalhes sobre o histórico de abusos cometidos por Epstein.


A revelação levou a senadora Elizabeth Warren, ex-professora de Harvard, a defender que a instituição corte laços com Summers. Ela afirmou que o economista demonstra “julgamento monumentalmente ruim” e que alguém incapaz de se distanciar de um agressor sexual “não pode ser confiável para orientar autoridades públicas nem ensinar estudantes em Harvard ou em qualquer outro lugar”.


A universidade não respondeu aos pedidos de comentário. A crise também atingiu o think tank Center for American Progress, onde Summers é pesquisador não remunerado; a entidade informou que avalia “os desdobramentos da última semana” para decidir como proceder.


Summers, que presidiu Harvard entre 2001 e 2006 e deixou o cargo após sucessivas controvérsias —entre elas a fala em que sugeriu diferenças biológicas para justificar a desigualdade de gênero nas ciências— ocupa hoje o posto de professor universitário, a mais alta distinção acadêmica da instituição. Sua trajetória inclui passagens pelo Banco Mundial, o Tesouro no governo Bill Clinton e a direção do Conselho Econômico Nacional no governo Barack Obama.


O envolvimento com Epstein também reacendeu críticas antigas. Em mensagens reveladas, Summers discutia seus relacionamentos e pedia orientações ao financista. Em um dos e-mails, por exemplo, Epstein o aconselhou sobre como agir com uma mulher, comentando com ironia o comportamento dela. Em outra troca, Summers perguntou se o então presidente Trump estava “ficando mais louco” ou se continuava “consistentemente louco”.


A divulgação do material levou Donald Trump a dizer que pediu uma investigação sobre as relações de Epstein com figuras de destaque, incluindo Summers, Bill Clinton e o banco JPMorgan. O Clube Econômico de Nova York, que receberia Summers para uma palestra nesta quarta-feira (19), adiou o evento alegando “mudança inevitável na agenda”.


Apesar das cobranças, Summers afirma que assumirá “total responsabilidade” e que o afastamento público é apenas uma parte de seu esforço para reparar danos. Ainda assim, afirmou que cumprirá suas obrigações como docente em Harvard.

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