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Evo Morales se nega a depor ao MP por escândalo de abuso de menor na Bolívia

Morales, de 64 anos, foi intimado pelo MP do departamento de Tarija para prestar depoimento no processo por “estupro, tráfico e exploração de pessoas”

Redação Jornal de Brasília

10/10/2024 17h41

bolivia

Foto de FERNANDO CARTAGENA / AFP

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, decidiu não se apresentar, nesta quinta-feira (10), à convocação do Ministério Público que o investiga pelo suposto abuso de uma menor durante o seu mandato, o que pode lhe render uma ordem de prisão.

Morales, de 64 anos, foi intimado pelo MP do departamento de Tarija para prestar depoimento no processo por “estupro, tráfico e exploração de pessoas”.

Contudo, seu advogado Nelson Cox adiantou que o líder indígena – que tacha as acusações de “mais uma mentira” – não vai comparecer porque considera que a investigação é “ilegal”.

O ex-presidente (2006-2019) “não se apresentará até que o processo […] seja regularizado”, disse Cox, após destacar que a Justiça já investigou e arquivou essa mesma denúncia em 2020.

O escândalo que pode colocar Morales na prisão remonta a 2015, quando – segundo a denúncia investigada pelo Ministério Público – o ‘líder cocaleiro’ se envolveu com uma menor de 15 anos, com quem teve uma filha em 2016.

– Prisão à vista –

A promotora de Tarija Sandra Gutiérrez pediu a prisão de Morales em 26 de setembro, mas o pedido foi arquivado por uma juíza que aceitou um recurso do ex-chefe de Estado.

Gutiérrez, que foi removido e depois restituído a sua carga, reabriu o caso contra Morales não só por “estupro” – que implica conjunção carnal com menores de 14 a 18 anos -, mas acrescentou a acusação de exploração e tráfico de pessoas contra o ex -presidente.

Segundo o texto que se baseia no mandato de prisão anulado pela Justiça, os pais da menor se inscreveram na “guarda juvenil” de Morales “com a única finalidade de escalar politicamente e obter benefícios […] na troca de sua filha menor”, o que configuraria o crime de tráfico e exploração de pessoas.

Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, César Siles, anunciou que o MP, conforme a normativa penal, pode ordenar a prisão de Morales caso ele não cumpra a intimação para depor.

“Qualquer ordem de citação afirma no seu texto que, em caso de não comparação, será expedido o mandado de prisão”, acrescentou Siles.

Advogados consultados pela AFP afirmaram que, de fato, Morales pode ser preso se a promotora desconsiderar os argumentos de defesa para o seu não comparecimento nesta quinta.

– Perseguição –

Morales é hoje o principal opositor do governo de seu ex-ministro Luis Arce e o acusa de reabrir o caso como parte de uma “perseguição judicial” para afastá-lo da corrida pela indicação do grupo político da situação, que vive uma disputa interna, para como eleições presidenciais de 2025.

Em mensagem na rede social X, Morales alegou que o governo reabriu o caso para prendê-lo e, inclusive, “acabar” com sua vida.

“O objetivo é decapitar o movimento popular boliviano. Tudo é produto do desespero do governo que não tem nenhuma resposta para a crise [econômica] e também não tem nenhuma chance eleitoral”, acrescentou.

O ex-presidente liderou nesta quinta atos políticos na região cocaleira de Chapare (centro), muito distante de Tarija, mas não fez menção à sua decisão de não comparecer ao MP.

Suas bases afirmaram estar em vigília e ameaçaram bloquear estradas se para decretada a prisão do ex-presidente.

Chapare, seu reduto político, é um ponto de passagem obrigatório que liga estradas entre a região próspera de Santa Cruz (leste) com La Paz, sede dos poderes Executivo e Legislativo.

“Se sair uma ordem prisão ou tentar capturá-lo, será acionado imediatamente o bloqueio nacional de estradas nos novos departamentos do país. Estamos em estado de alerta em defesa de Evo”, disse o senador e dirigente cocaleiro, Leonardo Loza.

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© Agence France-Presse

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