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EUA pondera o que fazer com Venezuela após se declarar em ‘conflito armado’ contra cartéis

A Constituição dos EUA estabelece que apenas o Congresso tem a autoridade para declarar guerra.

Redação Jornal de Brasília

07/10/2025 21h43

exercito eua

Foto: Andrew Craft/AFP

O governo de Donald Trump considera que possui os argumentos legais necessários para justificar seus ataques letais no Caribe, e especialistas em Washington debatem se isso poderia ser o prelúdio de uma ação mais ampla contra a Venezuela.

Os Estados Unidos enfrentam um “conflito armado” com os cartéis do narcotráfico, declarou Trump em uma carta oficial ao Congresso, onde alguns legisladores expressaram dúvidas sobre a legalidade desses ataques contra embarcações.

A Constituição dos EUA estabelece que apenas o Congresso tem a autoridade para declarar guerra.

Veículos de imprensa americanos informaram sobre outro memorando do Departamento de Justiça que justificaria o uso até mesmo de agências como a CIA nessas operações contra o regime de Nicolás Maduro, o que poderia levar a relação de Washington com a América Latina de volta a épocas passadas.

Uma probabilidade “de 50%”

Nesta terça-feira (7), a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, se recusou a confirmar a existência do memorando durante uma audiência no Senado.

“O que posso dizer é que Maduro é um narcoterrorista (…) e que está atualmente acusado em nosso país”, afirmou em resposta a perguntas do senador democrata Chris Coons.

Segundo Evan Ellis, professor e pesquisador sobre América Latina no Colégio de Guerra do Exército dos EUA, a probabilidade de um ataque “é de 50%”.

“Se isso não se resolver por si só até novembro ou dezembro, pode haver uma decisão de usar informações de inteligência críveis e levar Maduro à justiça”, declarou à AFP.

Além dos ataques contra as embarcações, que deixaram ao menos 21 mortos, vários caças F-35, atualmente baseados em Porto Rico, sobrevoaram brevemente a costa venezuelanas, segundo Caracas, que mobilizou tropas e milícias pró-governo.

Esse tipo de manobra, assim como a presença de navios destróieres e forças mistas no Caribe, indica que algum tipo de escalada pode ocorrer em breve, segundo o especialista.

“Minha impressão é que o presidente Trump perdeu a paciência” com o regime de Maduro, explica esse ex-alto funcionário do primeiro mandato do republicano.

Maduro enviou uma carta a Trump pedindo diálogo, mas a Casa Branca rejeitou a mensagem.

Um colapso do regime?

O papel do enviado especial da Casa Branca para esse tipo de negociação, Richard Grenell, é uma incógnita no momento, segundo fontes diplomáticas.

Um ataque contra algum tipo de alvo ligado ao narcotráfico em território venezuelano “é uma possibilidade”, declarou à AFP Frank Mora, ex-subsecretário adjunto de Defesa para a América Latina durante a primeira presidência de Barack Obama.

“Destacar uma flotilha naval para depois não fazer nada ou simplesmente neutralizar algumas embarcações, não creio que fosse o plano”, afirmou.

“O problema é que não acredito que eles saibam qual é o objetivo”, acrescentou, referindo-se ao atual governo Trump.

“Por um lado, o presidente diz que quer desmantelar esse tráfico. E por outro, a esperança é que de alguma forma isso leve ao colapso do regime” de Maduro, completou.

Ao ser perguntado nesta terça-feira se gostaria de ver uma mudança de regime na Venezuela, Trump declarou aos jornalistas: “não estamos falando disso, estamos falando do fato de que houve uma eleição que foi muito estranha, para dizer o mínimo”.

O tempo joga contra o governo Trump, caso a crescente oposição de legisladores se transforme em uma ação judicial.

Nesta terça-feira, um grupo de cinco representantes democratas mandou uma carta pedindo a Trump que detalhe uma lista com os cartéis que o presidente considera “organizações criminosas”.

Como em outras ações militares recentes do governo Trump, como o ataque contra instalações nucleares iranianas, a palavra final cabe ao presidente, que costuma deixar sua cúpula diplomática e militar debater vigorosamente diante dele no Salão Oval.

© Agence France-Presse

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