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Estudo confirma derretimento excepcional da banquisa antártica em 2022

O derretimento tem sido rápido na Groenlândia e no Ártico, mas, inversamente, na Antártica, a tendência foi de aumento modesto

Redação Jornal de Brasília

19/04/2022 15h11

A banquisa antártica atingiu em fevereiro, final do verão austral, seu nível mais baixo em 44 anos, de acordo com observações de um grupo de pesquisadores publicadas nesta terça-feira (19), quando a Antártica parecia resistir melhor às mudanças climáticas do que o Ártico.

O ciclo natural da banquisa (o gelo que flutua no oceano) é que ele derrete no verão e se forma novamente no inverno, com satélites registrando com muita precisão desde 1978 as áreas cobertas em cada estação, de ano para ano.

O derretimento tem sido rápido na Groenlândia e no Ártico, mas, inversamente, na Antártica, a tendência foi de aumento modesto, apesar das significativas variações anuais e regionais.

Este ano, a banquisa da Antártica despencou e foi medida em 1,9 milhão de quilômetros quadrados em 25 de fevereiro, um recorde de baixa desde o início dos registros, em 1978, relata um grupo de pesquisadores principalmente da Universidade Sun Yat-sen em Cantão, em um artigo publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences.

Cinco anos após uma queda recorde anterior de pouco mais de 2 milhões de km2 em 2017, a área coberta pela banquisa caiu abaixo da marca de 2 milhões de km2 pela primeira vez. Isso é 30% menos do que a média ao longo de três décadas entre 1981 e 2010.

Este estudo confirma as observações do National Snow and Ice Data Center americano anunciadas há algumas semanas, pouco antes da chegada de uma onda de calor sem precedentes no leste da Antártica em março.

De acordo com os autores do estudo publicado nesta terça-feira, no oeste do Mar de Amundsen e no leste do Mar de Ross, o desaparecimento da banquisa foi completo em 25 de fevereiro. De maneira mais geral, a banquisa começou a recuar mais cedo no ano, a partir do início de setembro, e em relação a 2017, registrou uma recuperação tardia, no final de fevereiro.

O derretimento está ligado à “termodinâmica”, ou seja, à influência das temperaturas, mas também ao movimento do gelo para o norte, para latitudes menos polares e para uma camada mais fina de gelo na costa do Mar de Amundsen.

As “anomalias” de verão foram observadas principalmente na parte ocidental da Antártica, que é mais vulnerável às mudanças climáticas do que a maior área da Antártica Oriental.

O derretimento da banquisa não tem impacto no nível do mar, porque é formada pelo congelamento da água salgada. Mas menos cobertura também é motivo de preocupação.

Quando a superfície branca da banquisa, que reflete a energia do sol, é substituída pela superfície escura do mar, “há menos reflexão de calor e mais absorção”, explica Qinghua Yang, um dos coautores, professor na Universidade Sun Yat-sen.

“O que, por sua vez, derrete mais gelo e produz mais absorção de calor, em um círculo vicioso”, descreve.

© Agence France-Presse

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