Doze países, incluindo Espanha, Reino Unido, França, Japão e Arábia Saudita, anunciaram nesta sexta-feira (26) uma nova coalizão para financiar os cofres da Autoridade Palestina, com problemas de liquidez porque Israel retém seus rendimentos fiscais.
A Coalizão de Emergência para a Sustentabilidade Financeira da Autoridade Palestina “foi estabelecida em resposta à urgente e inédita crise financeira” enfrentada pela Autoridade Palestina, indicou em um comunicado o Ministério das Relações Exteriores da Espanha.
A iniciativa busca estabilizar as finanças da Autoridade, localizada em Ramallah, preservar sua capacidade de governar, fornecer serviços essenciais e manter a segurança, “todos elementos indispensáveis para a estabilidade regional e para preservar a solução de dois Estados”, aponta o comunicado.
O texto, em inglês, menciona as “significativas contribuições financeiras” anteriores e defende um “apoio sustentado” por parte da coalizão, sem especificar quantias nem países.
Bélgica, Dinamarca, Islândia, Irlanda, Noruega, Eslovênia e Suíça também fazem parte do grupo.
O gabinete do primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, afirmou que os doadores prometeram pelo menos 170 milhões de dólares (908,4 milhões de reais) para financiar a Autoridade Palestina.
A Arábia Saudita fornecerá 90 milhões de dólares (480,9 milhões de reais), segundo meios estatais, que citaram o chanceler, príncipe Faisal bin Farhan.
O comunicado indica que os países vão trabalhar com instituições financeiras internacionais e outros parceiros “para mobilizar recursos, apoiar a governança e as reformas econômicas atuais e garantir total transparência e responsabilidade”.
Israel arrecada rendimentos fiscais em nome da Autoridade Palestina, segundo o Protocolo de Paris de 1994.
Mas desde que estourou a guerra de Gaza em outubro de 2023, Israel tem retido rendimentos fiscais da Autoridade Palestina, que afirma que serviços básicos como saúde e educação se deterioraram e que a pobreza disparou.
Israel alega que parte do dinheiro que retém destina-se a cobrir custos como a eletricidade que vende aos palestinos.
No entanto, o ministro israelense das Finanças, Bezalel Smotrich (extrema direita), deixou de transferir o dinheiro à Autoridade Palestina há quatro meses e disse que queria que o governo palestino colapsasse através de um “estrangulamento econômico”, impedindo assim a criação de um Estado da Palestina.
“Os ministros exigem que Israel liberte imediatamente todos os rendimentos fiscais palestinos e pare qualquer medida que obstrua ou enfraqueça a Autoridade Palestina ou a coloque em risco de colapso”, aponta o comunicado da coalizão.
O anúncio coincidiu com a decisão de aliados tradicionais de Israel, como França e Reino Unido, de reconhecerem o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU esta semana em Nova York.
© Agence France-Presse