Centenas de pessoas guardaram um minuto de silêncio ao amanhecer no kibutz de Reim, no sul de Israel, local do massacre perpetrado pelo Hamas durante o festival de música Nova em 7 de outubro de 2023, no qual 370 participantes foram assassinados.
Esta homenagem foi realizada pelos familiares das vítimas no início da manhã, para marcar o início exato do pior ataque da história recente de Israel.
A cerimônia foi a primeira das homenagens previstas para esta segunda-feira.
“A dor não desaparece, pelo contrário, só se intensifica”, explicou à AFP Doron Journo, cuja filha Karin, de 23 anos, morreu no ataque.
Ao ler a última mensagem que ela lhe invejou, este homem não consegue conter as lágrimas: “Se eu não voltar, saibam que os amo”, dizia.
“As pessoas aqui são gentis, isso me conforta de certa forma, as famílias [das vítimas] estão muito unidas”, acrescentou, antes de se gravar novamente de sua filha.
Ela sabia fazer todo mundo rir e “sempre fazia o que queria”, completou.
Neste local do deserto do Neguev, entre cactos e eucaliptos, destaca-se o rosto sorridente da jovem em um mural com os retratos de quem foi assassinado em 7 de outubro de 2023.
O kadish, a oração pelos mortos, é lido por vários pais que perderam um filho no festival de música eletrônica.
Alguns falaram no púlpito com homenagens comoventes.
Acompanhado de sua esposa, o presidente israelense, Isaac Herzog, se mudou para conversar com os parentes das vítimas ao final da cerimônia, organizada pelas famílias.
Antes de ir embora, Herzog instou o mundo a “apoiar Israel na luta contra seus inimigos”.
– Grito –
Justo antes do minuto de silêncio, a melodia hipnótica da última canção ouvida pelos participantes do festival ressoou diante de uma multidão de famílias desoladas.
A música foi abruptamente interrompida, como no dia do atentado, e o grito de angústia de uma mulher rompeu o silêncio.
Enquanto os familiares dos mortos acendiam velas, o eco de um presidente em vôo e tiros provenientes da Faixa de Gaza, o território vizinho, foram escolhidos.
A cerimônia terminou com o hino nacional israelense, o Hatikva (“Esperança” em hebraico), entoado pelo cantor Israel Bar-On.
Uma antiga pista de dança abrigada em grandes pressas, decorada com fotografias de pessoas assassinadas ou sequestradas durante o ataque do Hamas há um ano.
Emoldurando esses rostos, muitas vezes jovens, há anêmonas silvestres, as flores vermelhas emblemáticas do sul de Israel, além de desenhos de crianças ou bandeiras israelenses.
“É triste ver todos esses jovens assassinados, é como se foram escolhidos a dedo, são todos preciosos”, lamenta Odette Keilin, que perdeu sua filha Hila Keilin, de 40 anos e mãe de quatro filhos.
Odette vai ao local a cada quinze dias “para estar com Hila”.
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