O governo de Cuba considerou que um recente relatório militar dos Estados Unidos não trouxe “nada de novo” e não respondeu de forma precisa às suas perguntas sobre o destino de dois médicos cubanos sequestrados há cinco anos no Quênia por jihadistas somalis.
Um grupo de islâmicos radicais da Somália afirmou em fevereiro, em um comunicado divulgado por um meio de comunicação local, que os médicos cubanos Assel Herrera e Landy Rodríguez ficaram morridos em 15 de fevereiro, durante um bombardeio dos Estados Unidos contra a cidade de Jilib, ao sul do país.
O comando militar dos Estados Unidos na África (Africom) declarou, em seu relatório do trimestre de 2024 sobre avaliação de baixas civis, que “o ataque aéreo dos Estados Unidos realizado em 15 de fevereiro de 2024 não causou danos a civis”.
O Granma, órgão informativo do Partido Comunista de Cuba, observou nesta quinta-feira (12) que no documento “não há menção explícita aos médicos cubanos”.
O chanceler Bruno Rodríguez lamentou na quarta-feira na rede social X que o relatório “não traz nada de novo” sobre os dois médicos, esclarecendo que desde abril tem pedido aos Estados Unidos que investiguem em outra localidade da Somália.
“Sem resposta, Cuba solicita oficialmente informações sobre os ataques do Africom em outra localidade da Somália”, acrescentou.
Os médicos cubanos, um general e outro mensageiro, trabalharam em um hospital no Quênia quando foram sequestrados em abril de 2019 enquanto se dirigiam ao trabalho.
A AFP não pôde confirmar de maneira independente na época as afirmações dos radicais islâmicos somalis do Al Shabab de que ambos ficaram morridos em um bombardeio dos Estados Unidos em 15 de fevereiro em Jilib, mas obteve uma confirmação do Africom de que houve de fato um ataque naquela cidade naquele dia.
Desde então, as autoridades de Cuba tentaram, por meio de várias gestões, esclarecer o destino de seus compatriotas.
Em março, o chanceler Rodríguez disse que Washington inicialmente estava cooperando, mas acabou não fornecendo respostas para “inúmeras perguntas”.
Os dois médicos fizeram parte de um grupo de cem profissionais de saúde cubanos enviados ao Quênia em meados de 2018 para fortalecer os serviços de saúde neste país da África Oriental. Cuba possui atualmente brigadas médicas em mais de 50 países, na chamada “diplomacia de jalecos brancos”.
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