O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou nesta quarta-feira (15) que os cortes em seu financiamento podem empurrar 13,7 milhões de pessoas, que atualmente recebem assistência em vários países, a uma situação de fome extrema em diversos países.
A agência da ONU indicou que seis operações cruciais – no Haiti, Afeganistão, República Democrática do Congo, Somália, Sudão do Sul e Sudão – “enfrentam atualmente grandes interrupções, que vão apenas piorar até o final do ano”.
“O PMA enfrenta uma redução impressionante de 40% no financiamento, com projeções de US$ 6,4 bilhões (35 bilhões de reais, de orçamento) em comparação com US$ 9,8 bilhões de dólares (53 bilhões de reais) em 2024”, alertou em um relatório a agência com sede em Roma.
“O sistema humanitário está sob pressão severa, à medida que os parceiros se retiram das localidades de linha de frente, criando um vácuo”, acrescenta o relatório.
O documento não cita nenhum país, mas destaca uma publicação da revista médica The Lancet sobre os enormes impactos dos cortes na ajuda dos Estados Unidos.
“A cobertura dos programas foi reduzida e as refeições diminuídas. A assistência vital para famílias em situação de catástrofe está sob risco, enquanto a preparação para choques futuros caiu drasticamente”, aponta o relatório.
Em todo o mundo, “o PMA calcula que suas carências de financiamento podem levar a uma situação de emergência de 10,5 a 13,7 milhões de pessoas que enfrentam atualmente níveis críticos de insegurança alimentar aguda”, indicou.
Desde o retorno do presidente americano Donald Trump à Casa Branca em janeiro, Washington anunciou cortes massivos em sua ajuda externa, o que representa um duro golpe para as operações humanitárias em todo o mundo.
“O mundo enfrenta problemas de fome de uma magnitude inédita e os fundos necessários para nos ajudar a responder a eles são terrivelmente insuficientes”, advertiu Cindy McCain, diretora do PMA, citada no comunicado.
“Estamos vendo como o salva-vidas de milhões de pessoas se desintegra diante de nossos olhos”, acrescentou.
Enquanto a ONU declarou oficialmente o estado de fome em Gaza no início deste ano, o PMA calcula que o número de pessoas “em situação de fome ou à beira do abismo” dobrou em apenas dois anos, atingindo 1,4 milhão nos territórios palestinos, Sudão, Sudão do Sul, Iêmen e Mali.
“O objetivo de fome zero nunca pareceu tão distante. Corremos o risco de perder décadas de avanços na luta contra a fome”, alertou.
AFP