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Coreia do Sul recupera navio naufragado há 600 anos com carga intacta

Navio permaneceu submerso enquanto arqueólogos retiravam mais de 120 artefatos do local

Redação Jornal de Brasília

18/11/2025 14h19

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

UOL/FOLHAPRESS

Arqueólogos da Coreia do Sul recuperaram completamente um navio de carga de 600 anos, incluindo toda a sua carga, que ficou intacta. As informações são do jornal local The Korea Herald.


O navio do século XV -batizado de Mado 4 pelos pesquisadores- foi içado do fundo do mar em outubro, após quase uma década de trabalhos de conservação e análise. O anúncio foi feito na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Patrimônio Marítimo, subordinado à Administração do Patrimônio Cultural da Coreia do Sul.


O navio foi descoberto em 2015 na costa da cidade de Taean, província de Chungcheong do Sul. Ele permaneceu submerso enquanto arqueólogos retiravam mais de 120 artefatos do local, entre eles etiquetas de madeira com informações de destinos, recipientes de arroz e porcelanas produzidas como tributo ao governo.


A embarcação navegou durante a era Joseon (1392-1910), dinastia imperial mais longa do país. De acordo com arqueólogos locais, a descoberta ajudará a entender como funcionava a tributação nacional, logística e infraestrutura marítima da época.


É o único navio da era Joseon completamente escavado e recuperado até hoje. “Esses achados confirmam que o navio fazia parte do sistema estatal de transporte chamado ‘joun’, que levava grãos e mercadorias oficiais dos depósitos provinciais até a capital real Hanyang [atual Seul]”, diz o jornal.


Isto não é apenas um navio. É a infraestrutura física do estado Joseon vindo à tona. Revela como uma burocracia primitiva movimentava alimentos, mercadorias e informações por longas distâncias Instituto Nacional de Pesquisa do Patrimônio Marítimo da Coreia, em entrevista ao The Korea Herald.


Acredita-se que o Mado 4 tenha naufragado por volta de 1420, quando viajava de Naju, um centro regional de coleta de grãos na província de Jeolla do Sul. A rota era perigosa, atravessando correntes fortes e passagens rochosas -condições que provavelmente causaram o naufrágio e ajudaram a preservar os restos sob camadas de areia e lodo.


Além do valor histórico, o navio revelou avanços surpreendentes de engenharia da era Joseon: projeto com dois mastros (diferente do mastro único comum em navios coreanos mais antigos), sugerindo ênfase em velocidade e manobrabilidade, e o uso de pregos de ferro em reparos, o primeiro caso confirmado de fixadores metálicos em um navio tradicional coreano -até então acreditava-se que só usavam juntas de madeira.


O Mado 4 está passando por tratamento de dessalinização e conservação, mas uma seleção de artefatos já pode ser vista pelo público. A exposição “O Navio da Nação que Navegou os Mares” abriu em setembro e ficará em cartaz até fevereiro de 2026 no Museu Marítimo de Taean.

NOVO NAUFRÁGIO DESCOBERTO

A recuperação do Mado 4 veio acompanhada de outra descoberta importante: um segundo naufrágio, acompanhado de peças de cerâmicas celadon datadas entre 1150-1175. Ele foi encontrado na mesma área através de varreduras por sonar e mergulhos subaquáticos.


Se confirmada, a embarcação será o naufrágio mais antigo já encontrado na Coreia, mais de dois séculos antes do Mado 4.


Desde a descoberta surpresa do primeiro naufrágio coreano (Mado 1) por pescadores locais em 2007, a costa de Taean se tornou uma das zonas arqueológicas subaquáticas mais importantes do Leste Asiático.

Mais de uma dúzia de naufrágios foram encontrados na região, revelando um corredor marítimo outrora movimentado que sustentava as finanças do Estado, a troca de tributos e a distribuição interna ao longo dos séculos.

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