O contraste entre Donald Trump e Joe Biden é evidente. Enquanto o republicano é aclamado na convenção de seu partido, o democrata, declarado com covid e sob forte pressão para que renuncie à disputa, foi convocado a se isolar nesta quinta-feira (18).
O vírus interrompeu os planos de campanha do democrata de 81 anos, isolado à beira-mar em sua casa em Delaware, no leste dos Estados Unidos.
Este problema se soma aos outros que Biden veio enfrentar nas últimas semanas desde seu desempenho desastroso no debate contra Trump no final de junho, quando teve dificuldades para falar, ficou várias vezes de boca aberta e até divagou.
Desde então, o Partido Democrata se pergunta: será que o presidente deverá continuar como candidato às eleições de novembro?
A reforma dentro do partido está se tornando cada vez mais evidente, apesar dos esforços públicos para mostrar uma frente unida e dos desmentidos da Casa Branca.
Segundo a mídia americana, os líderes democratas no Congresso, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, comunicaram ao presidente em reuniões separadas que sua candidatura poderia colocar em risco as chances do partido nas eleições.
A CNN afirma que a influente Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Representantes, disse a Biden que as pesquisas indicam não apenas que ele não ganhará, mas que também pode fazer o partido perder cadeiras nas eleições legislativas, que ocorrem ao mesmo tempo.
Vários democratas de alto escalonamento disseram anonimamente aos Axios que a pressão crescente fará com que Biden desista de sua candidatura e não descartem o que isso acontece neste fim de semana.
– “Segue na corrida” –
Na quarta-feira, o congressista californiano Adam Schiff pediu a Biden que “passe o bastão”. Ele é o líder democrata mais proeminente a dizer isso publicamente.
Uma dúzia de membros da Câmara de Representantes e um senador imploraram para que ele desistisse.
A equipe de campanha do candidato a presidente tenta acabar com as especulações.
“Segue na corrida”, garantiu Quentin Fulks, responsável pela campanha, aos jornalistas.
“Nossa equipe não considera nenhum cenário no qual o presidente Biden não seja o líder da nossa candidatura: ele é e será o candidato democrata”, insistiu.
O próprio Biden disse estar “bem” após testar positivo para covid.
“Vou me isolar durante minha convalescença e, durante esse tempo, continuarei trabalhando pelo povo americano”, escreveu na quarta-feira à noite.
Donald Trump, de 78 anos, está em posição privilegiada e saboreia as dificuldades dos democratas.
O milagre aconteceu. Ele apenas não sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, mas também teve arquivado o caso aberto contra ele por suposta gestão indevida de documentos temporários após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.
Sua influência sobre o Partido Republicano é quase absoluta. Nesta quinta-feira, o magnata aceitará formalmente sua indicação como candidato presidencial da direita, em uma festa na qual serão lançadas ofertas de milhares de balões nos núcleos da bandeira americana.
E apesar de enfrentar outros processos judiciais, a Suprema Corte recentemente deu outra vitória ao considerar que os presidentes dos Estados Unidos desfrutam de ampla imunidade penal, o que poderia comprometer alguns casos contra ele.
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