Por iniciativa dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da ONU apoiou nesta sexta-feira (31) o plano de autonomia do Marrocos para o Saara Ocidental, considerando-o a solução mais viável para o território em disputa, apesar da oposição da Argélia.
Colônia espanhola até 1975, o Saara Ocidental é amplamente controlado pelo Marrocos, mas as Nações Unidas o reconhecem como território não autônomo. A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, reivindica a independência da região.
Até agora, o Conselho de Segurança havia instado o Marrocos, a Frente Polisário, a Argélia e a Mauritânia a retomar as negociações — suspensas desde 2019 — para alcançar uma solução política viável, duradoura e mutuamente aceitável.
Mas nesta sexta-feira, o Conselho aprovou, por 11 votos e três abstenções, o plano apresentado por Rabat em 2007, que concede autonomia sob soberania marroquina a esse vasto território desértico, rico em fosfatos e em recursos pesqueiros.
Dos 15 integrantes do Conselho, a Argélia se recusou a participar da votação do projeto de resolução, promovido pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, responsável pelo tema no organismo das Nações Unidas.
O texto destaca o “apoio manifestado por numerosos Estados membros” ao plano marroquino e considera que “uma verdadeira autonomia sob soberania marroquina poderia representar a solução mais viável” para o Saara Ocidental.
Nesse contexto, insta o secretário-geral da ONU, António Guterres, e seu enviado especial para o tema, Staffan de Mistura, a iniciar negociações “com base” nesse plano.
“Meu país não participou da votação. Com essa ausência, e com plena responsabilidade, a Argélia buscou demonstrar seu distanciamento de um texto que não reflete fiel nem suficientemente a doutrina da ONU sobre descolonização”, declarou o embaixador argelino Amar Bendjama.
O ministro das Relações Exteriores da Frente Polisário, Mohamed Yeslem Beissat, declarou recentemente à AFP que o movimento independentista estaria disposto a aceitar esse plano apenas se a população saaraui o validasse por meio de um referendo.
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