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Congresso dos EUA aprova acordo para encerrar paralisação mais longa da história

O pacote foi aprovado por 222 votos a 209

Redação Jornal de Brasília

13/11/2025 0h00

Foto: Pedro Ugarte/AFP

Foto: Pedro Ugarte/AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (12) um acordo para encerrar a mais longa paralisação do governo na história do país, após a Câmara votar pela retomada de programas de assistência alimentar, pagamento a centenas de milhares de servidores e reativação do sistema de controle de tráfego aéreo.


O pacote foi aprovado por 222 votos a 209. O apoio do presidente Donald Trump foi decisivo para manter o Partido Republicano unido, apesar da forte oposição dos democratas, que protestaram contra o fato de o impasse iniciado no Senado não ter resultado em um acordo para estender os subsídios para saúde.


Aprovado pelo Senado na segunda (10), o projeto será sancionado por Trump ainda nesta quarta, segundo a Casa Branca, encerrando oficialmente o shutdown de 43 dias. A medida estende o financiamento do governo até 30 de janeiro, mantendo o ritmo de expansão da dívida pública, que soma US$ 38 trilhões e cresce cerca de US$ 1,8 trilhão por ano.


Os serviços públicos devem ser restabelecidos nos próximos dias, enquanto as restrições ao tráfego aéreo serão gradualmente reduzidas. O presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, conseguiu aprovar o projeto apesar de sua estreita maioria na Casa.


“Vamos fazer o governo americano voltar a funcionar e trabalhar pelo povo, como ele merece”, disse Johnson no plenário, pouco antes da votação.


O acordo foi fechado no fim de semana em negociações a portas fechadas entre senadores democratas e republicanos. O texto reverte as demissões de servidores federais iniciadas pela Casa Branca e garante o pagamento retroativo aos funcionários afastados.


O entendimento dividiu os democratas, muitos dos quais acusam os senadores do partido de cederem a Trump e aos republicanos.


“Parece que vivi um episódio de ‘Seinfeld’. Passamos 40 dias nisso e ainda não sei qual era o enredo”, ironizou o deputado republicano David Schweikert, do Arizona, comparando a condução do impasse às confusões da sitcom dos anos 1990.


“Achei que duraria 48 horas: as pessoas desabafariam, fariam um escândalo, e voltaríamos ao trabalho. Mas agora a raiva virou política.”


A votação ocorreu oito dias depois de vitórias democratas em eleições estaduais que o partido via como impulso para pressionar pela renovação dos subsídios de saúde, que expiram no fim do ano.


O acordo, no entanto, apenas estabelece uma votação sobre o tema em dezembro no Senado –sem garantia de tramitação na Câmara, segundo Mike Johnson.


Apesar das trocas de acusações, nenhum dos lados saiu vitorioso. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada nesta quarta mostrou que 50% dos americanos culparam os republicanos pela paralisação, enquanto 47% atribuíram a responsabilidade aos democratas.


O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, pediu aos colegas que votassem contra o projeto. Falando nos degraus do Capitólio na manhã desta quarta, ele afirmou que a proposta “falha em enfrentar a crise de saúde criada pelos republicanos e não prorroga os créditos fiscais do Affordable Care Act [lei que ampliou o acesso à saúde]”.


A paralisação superou com folga o recorde anterior de 35 dias, registrado durante o primeiro mandato de Trump, e levou à suspensão temporária de centenas de milhares de servidores federais –enquanto aqueles considerados “essenciais” foram obrigados a trabalhar sem remuneração.


O shutdown reduziu a oferta de serviços públicos e ameaçou benefícios voltados a famílias de baixa renda, incluindo os mais de 40 milhões de americanos que dependem do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (Snap, na sigla em inglês) para obter alimentos.


O impasse no Congresso também causou transtornos no sistema aéreo nacional, já que controladores de voo começaram a faltar ao trabalho. Na semana passada, a Administração Federal de Aviação (FAA), que regula o transporte aéreo, ordenou que as companhias aéreas reduzissem o número de voos.

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