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Mundo

Representante de Taiwan defende união das democracias

Em entrevista exclusiva ao JBr, o representante da ilha separatista afirmou que os taiwaneses estão sendo “ameaçados” por um vizinho poderoso

Lucas Valença

09/08/2022 10h00

O movimento militar chinês contra a ilha de Taiwan, que ocorreu após a visita à região da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América, Nancy Pelosi, foi entendida como positiva pelo representante de negócios de Taiwan no Brasil, Yao Jen Wen.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, o representante da ilha separatista afirmou que os taiwaneses estão sendo “ameaçados” por um vizinho “poderoso, hegemônico e hostil” e defendeu a união das democracias contra as investidas do governo chinês.
Confira a entrevista completa:

A ida de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a Taiwan não acabou sendo improdutivo para o país?

Não. Foi uma visita bem-sucedida e Pelosi elogiou a maneira com que Taiwan respondeu à pandemia e também a sua democracia. Taiwan agradece a Presidente Pelosi por liderar uma delegação de alto escalão do Congresso a Taiwan. Isto é uma demonstração clara de apoio e que continuará a trabalhar com os EUA no aprofundamento de laços bilaterais.

A ida de Nancy Pelosi não prejudicou os negócios?

A vista de Pelosi não prejudicou os negócios. O que tem prejudicado o comércio é o exercício militar da China. O exercício militar de fogo real alertou as aeronaves e embarcações de outros países para não entrarem no espaço aéreo e nas águas designadas. Essas ações da China estão impactando gravemente o comércio internacional.

Como Taiwan tem lidado para acalmar os investidores locais e internacionais?

Os taiwaneses estão calmos, pois Taiwan é uma nação insular segura mesmo sendo ameaçada há muitos anos por um vizinho poderoso, hegemônico e hostil. As democracias devem estar unidas e trabalhar juntas para resolver os conflitos da China.

A Presidente Ing-wen Tsai disse que Tawain não instigará “conflitos” e “disputas”, mas defenderá a soberania e segurança da nação e absolutamente não vamos recuar. Além disso, o mundo sabe que Taiwan tem um “escudo de silício” que tem sido usado para afastar o fantasma de uma invasão chinesa. Trata-se de uma “defesa” que ninguém consegue replicar a médio ou longo prazo. Por essa razão os investidores internacionais tem total confiança em Taiwan.

Como tem sido as conversas de Taiwan com outras autoridades dos EUA, em especial, com o presidente Joe Biden?

Mesmo não tendo relação diplomática entre Taiwan e EUA existem vários meios de canais de comunicação para coordenação dos assuntos importantes entre os dois países. Taiwan e EUA compactuam com os ideais democráticos bastante parecidos, por isso essas conversas tem sido bem sucedidas e constantes. E também existem muitas cooperações em vastas áreas. Espero que um dia as relações entre Taiwan e Brasil também possam alcançar esse patamar.

Há a previsão de outras visitas de autoridades internacionais, em especial, da Europa ou dos EUA a Taiwan?

Sim, no último dia 7 de agosto, chegou uma delegação da Lituânia chefiada pela vice-ministra a senhora Agne Vaiciukeviciute. Essa visita tem como finalidade o intercâmbio bilateral na esfera de Transporte Inteligente e Ecológico, tecnologia 5G e ônibus elétricos. Percebe-se então que esse intercâmbio entre os países democráticos é bastante habitual. Taiwan sempre recebe amigos de todo o mundo de braços abertos.

Taiwan já negocia e mantém conversas com aliados para evitar um possível ataque da China? Taiwan aproveitará a tensão na região para tentar estreitar laços com aliados?

Sempre apelamos aos países democráticos para que permaneçam unidos diante da atitude hegemônica da China e trabalhem juntos para resolver os conflitos da China. A comunidade internacional já atendeu aos apelos e respondeu prontamente, por exemplo, o G7 e o Alto Representante da União Europeia já declararam o seu compromisso de manter a ordem internacional baseada em regras, bem como manter a paz e a estabilidade em todo Estreito de Taiwan. Condenou a resposta escalada da China à delegação de rotina liderada pela presidente da Câmara dos EUA.

Taiwan está preparado para um eventual ataque da China?

O perigoso ataque da China através de misseis em algumas áreas de transporte mais concorrido do mundo é irresponsabilidade, tanto para Taiwan como para toda a comunidade internacional. Taiwan não cede aos desafios e nunca cederá.

Diante da situação atual, o governo de Taiwan aumentará constantemente as capacidades de autodefesa, e também continuará a manter estreita comunicação e coordenação com os EUA e outras nações com ideais semelhantes para proteger conjuntamente a ordem internacional, impedir uma escalada e garantir a segurança em todo o Estreito de Taiwan, bem como, a paz, a estabilidade, e prosperidade do Indo-Pacífico.

Qual o tipo de armamento presente em Taiwan, apenas de defesa ou também de ataque?

O risco potencial de uma invasão chinesa paira sobre Taiwan há mais de 50 anos, tempo suficiente para o desenvolvimento de um sistema de defesa sofisticado e adequado à nossa geografia.

Para lidar com uma potência gigantesca como a China, Taiwan adotou um método de guerra assimétrico conhecido como “estratégia do porco-espinho”, que visa tornar a invasão muito difícil e custosa para o inimigo.

Taiwan acumulou grandes estoques de armas e munições antiaéreas, antitanque e antinavio. Isso inclui veículos aéreos não tripulados e munições de baixo custo, como mísseis de cruzeiro de defesa costeira, que têm a capacidade de destruir os caros navios e equipamentos navais da China.

A ida de Nancy Pelosi não prejudicou a tentativa de entrada de Taiwan na ONU?

Não prejudicou a tentativa de entrada de Taiwan na ONU, pelo contrário, essa visita mostrou ao mundo o real apoio que os países democráticos têm em relação a Taiwan. Dando maior visibilidade em todos os aspectos, tais como políticos e principalmente econômicos para o nosso país. Mostrando que Taiwan é e sempre será um parceiro confiável.

É nosso desejo de que todos os países democráticos se unam, para que a paz e prosperidade possam predominar e dessa forma, podemos construir um mundo melhor.

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