NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)
No primeiro comentário oficial após a implementação das “contramedidas tarifárias da China aos Estados Unidos”, um perfil de mídia social da rede estatal CCTV, usado para reações sobre temas econômicos e geopolíticos, destacou que elas mostram que o país vai “lutar decididamente!”.
Foi o título com exclamação no perfil de WeChat e Weibo, de nome Yuyuan Tan Tian, avisando que, “se os EUA tomarem outras medidas, a China continuará a tomar medidas resolutas”.
Washington havia ampliado suas tarifas sobre todos os produtos importados da China em 10%. Pequim se concentrou em petróleo bruto, gás natural liquefeito, carvão, equipamentos agrícolas e produtos automotivos, com taxas de 10% a 15%.
A reação chinesa “diz pelo menos duas coisas”, avalia a postagem, “primeiro, que os EUA precisam pagar por suas ações”. Em segundo lugar, que “a China precisa do mundo, e o mundo precisa da China”, referência à abertura de novos mercados por Pequim nos últimos anos.
Yuyuan Tan Tian sublinha que as contramedidas se concentram em petróleo, gás e carvão. “Energia é uma das poucas áreas em que os EUA têm superávit comercial com a China, o que mostra a precisão das contramedidas.”
Produtos primários “são altamente substituíveis” e, nos últimos anos, “a experiência e a capacidade da China de lidar com guerras comerciais melhoraram”. Seus mercados para exportação “estão se tornando cada mais diversificados, e os laços econômicos e comerciais com outros países, cada vez mais próximos”.
Citando como exemplo dos mercados alternativos chineses, o perfil da CCTV cobriu o embarque no mesmo dia de uma delegação de mais de 30 grandes empresas, várias delas de energia, caso das petroleiras Sinochem, CNPC e Petrochina, para assinar acordos na Ásia Central, com Cazaquistão e outros.
O Conselho para a Promoção de Comércio Internacional da China, que organizou a viagem, prepara o mesmo para Oriente Médio, Europa, África “e outros lugares para explorar a diversificação de mercados e discutir cooperação em setores como petróleo e gás, automóveis e maquinário agrícola”, todos presentes nas contramedidas aos produtos americanos.
Sobre as novas tarifas dos EUA de 25% sobre aço e alumínio, anunciadas no fim de semana, a mídia chinesa publicou que o impacto maior será sobre países como Canadá, México e Brasil. Segundo um centro de pesquisas sobre aço de Pequim, a China enviou 890 mil toneladas de aço para os EUA em 2024, 0,8% das exportações totais.