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Brasileira presa no Camboja passa por julgamento, e resultado deve sair em novembro

Daniela Marys, de 36 anos, aguarda decisão para 12 de novembro; parentes dizem que ela foi enganada por falsa proposta de emprego e teve drogas plantadas em seus pertences

Redação Jornal de Brasília

23/10/2025 13h20

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

ISABELLA MENON
FOLHAPRESS

A brasileira Daniela Marys, 36, que está presa no Camboja desde março passou por julgamento na madrugada desta quinta-feira (23). A decisão só deve ser divulgada no dia 12 de novembro, segundo sua irmã Lorena Oliveira e a ONG Um Grito Pela Vida, que acompanham o caso.

A família de Daniela afirma que ela está presa injustamente e foi vítima de tráfico humano. Daniela é acusada de tráfico de drogas, e a família sustenta que substâncias ilegais foram plantadas em seus pertences.

Em entrevista à Folha, a irmã dela, Lorena Oliveira, contou que até hoje a família não sabe qual substância Daniela é acusada de ter portado -autoridades afirmam somente que ela possuía três cápsulas.
A ONG que acompanha o caso também nega qualquer tipo de ligação de Daniela com tráfico de drogas, afirma que ela vivia em um alojamento com outras pessoas, compartilhava banheiro e não podia fechar a porta do dormitório.

“Nem para dormir, estavam sempre vigiando. Como isso não é tráfico humano?”, diz a irmã Isabel do Rocio, que trabalha na organização e presta ajuda à família de Daniela. O objetivo da defesa é desqualificar o crime. “Queremos a justiça. Mesmo sabendo que tem muita gente grande nesse comércio humano.”

Lorena explica que a irmã, que é arquiteta, viajou ao Camboja em 30 de janeiro, após receber uma proposta de emprego na área de telemarketing.

A família ficou preocupada com a ideia, mas Daniela dizia que seria algo provisório para juntar dinheiro e retornar ao Brasil. A irmã afirma que Daniela já teve experiências internacionais -nos Estados Unidos e em Dubai- e que nunca havia tido problemas.

Logo após chegar no país, segundo a irmã, ela percebeu que o complexo onde trabalhava e morava era estranho e se incomodou com o fato de ter que entregar o passaporte na chegada.

Pouco depois, descobriu que o trabalho consistia em aplicar golpes em brasileiros. Entrou em desespero e pediu para deixar o local. Segundo Lorena, no dia 26 de março, policiais apareceram no dormitório e anunciaram sua prisão por posse das cápsulas.

A partir daí, começaram as dificuldades da família para conseguir contato com Daniela. Lorena relata que, após a prisão, golpistas que estavam em posse do telefone da brasileira ainda aplicaram um golpe, obrigando a família a transferir R$ 27 mil.

O Itamaraty afirmou que a Embaixada do Brasil em Bangcoc, na Tailândia, acompanha o caso, mas disse que não pode divulgar mais informações a respeito. Em 2024, o governo federal anunciou a abertura de uma embaixada no Camboja e a diplomata Vivian Sanmartin foi aprovada para chefiar a instituição, porém ainda não foi inaugurada. Por isso, o caso é acompanhado pela embaixada do país vizinho.

A pasta acrescenta que atua em iniciativas de prevenção e que, desde a identificação dos primeiros casos de tráfico humano na região, em 2022, publicou um alerta sobre o aliciamento de brasileiros.

Em fevereiro de 2025, foi emitido um novo alerta. No comunicado, o ministério informa que os golpes ocorrem por meio de propostas de emprego em call centers -como no caso de Daniela- e em cassinos, onde as vítimas acabam submetidas a condições análogas à escravidão, forçadas a aplicar fraudes cibernéticas e a aliciar outras pessoas da mesma nacionalidade.

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