Joe Biden e Kamala Harris anunciaram, nesta quinta-feira (15), uma redução nos preços de dez medicamentos que lhes permitiriam ganhar votos, pouco antes de celebrarem seu primeiro ato público conjunto desde que um vice-presidente substituiu o presidente como candidatura democrata às eleições de novembro nos Estados Unidos.
Eles aproveitarão sua amizade em uma universidade em Maryland para destacar um acordo do governo com as farmacêuticas para reduzir o preço que os aposentados pagam por dez medicamentos, incluindo tratamentos para o diabetes e a insuficiência cardíaca.
O acordo com os produtores que, segundo a Casa Branca, fará com que os beneficiários do seguro médico federal Medicare – ou seja, pessoas acima dos 65 anos – e os contribuintes economizem, respectivamente, US$ 1,5 bilhão (R$ 8,19 bilhões). ) e US$ 6 bilhões (R$ 32,7 bilhões), no primeiro ano de sua entrada em vigor, é um impulso para Harris em uma eleição em que o custo de vida é um problema importante.
A atual vice-presidente se transformou na estrela dos democratas em uma velocidade assombrosa desde que Biden colocou fim à sua campanha de reeleição em 21 de julho, em meio aos temores do partido de que era muito idoso e doente para enfrentar o republicano Donald Trump.
– “Histórico” –
O evento desta quinta-feira representa uma oportunidade para que Harris, de 59 anos, compartilhe os elogios ao lado de Biden, que há algum tempo mudou em prioridade reduzir os altos preços dos medicamentos nos Estados Unidos.
“Durante anos, milhões de americanos tiveram que escolher entre comprar remédios ou alimentos”, disse o presidente, “mas enfrentamos (os laboratórios) e ganhamos”, acrescentou Biden num comunicado.
O presidente, que costuma anunciar sozinho a maioria dos seus grandes projetos econômicos, exclui desta vez os créditos com o vice, faltando três meses para as eleições.
O vice-presidente, que inclusive foi dado mais espaço no comunicado da Casa Branca do que a Biden, prometeu que não pararia ali, ao apontar que o custo de outros medicamentos será discutido nos próximos anos.
Em sua declaração, Harris qualificou-se como negociações com as companhias farmacêuticas de “históricas” e “que mudaram a vida” dos americanos que pagam pelos medicamentos receitados.
As negociações entre o Medicare e as empresas farmacêuticas estavam em andamento desde fevereiro.
Os preços dos medicamentos, que não são regulamentados em nível nacional nos Estados Unidos, costumam ser muito mais elevados do que em outros países desenvolvidos. É habitual que até mesmo os segurados tenham que pagar parte do custo do próprio bolso.
Entre os dez tratamentos do acordo estão o Farxiga (para o diabetes), do grupo sueco-britânico AstraZeneca, Entresto (problemas cardíacos), da suíça Novartis, e Eliquis (anticoagulante), da americana BMS.
– “Romper com Biden” –
O evento de Maryland ocorre dias antes de um discurso em que Harris exporá pela primeira vez os detalhes de seu programa econômico.
O primeiro vice-presidente negro e com origens no sul da Ásia deu vida nova ao Partido Democrata depois da resistência traumática de Biden. E eliminou a vantagem de Trump nas pesquisas de opinião, atraindo multidões para seus quadrinhos, mas ainda não explicou sua agenda política para além de pinceladas gerais.
Espera-se que siga em grande medida a agenda econômica de Biden, ao mesmo tempo que tenta se diferenciar e evitar a repulsa dos participantes pelo aumento da inflação depois da pandemia de covid-19.
Ainda que Trump esteja há muito tempo recebendo mais apoio nas pesquisas quando o assunto é economia, uma pesquisa recente do Financial Times e da Universidade de Michigan revelou que as eleições investem mais em Harris nesse tema: 42% contra 41%.
Trump, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, teve dificuldades para se adaptar à saída de Biden da disputa e ao começo meteórico de Kamala Harris. Aos 78 anos, o magnata agora é o candidato à Presidência mais idosa da história dos Estados Unidos.
© Agence France-Presse