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Ativistas denunciam agravamento das condições dos ‘presos políticos’ na Venezuela

Mais de 2.400 pessoas foram presas em meio aos protestos que eclodiram após as eleições de 28 de julho, nas quais a oposição denunciou fraudes e reivindicou a vitória

Redação Jornal de Brasília

30/12/2024 19h51

venezuela

FOTO: ALFREDO ESTRELLA / AFP

Celas desumanas, comida estragada, recusa de contato com advogados e familiares, tortura: ativistas dos direitos humanos apresentaram, nesta segunda-feira (30), um relatório sobre as condições dos “presos políticos” na Venezuela, “agravadas” após a questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro.

Mais de 2.400 pessoas foram presas em meio aos protestos que eclodiram após as eleições de 28 de julho, nas quais a oposição denunciou fraudes e reivindicou a vitória.

O relatório do Comitê de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos (CLIPPVE) foi intitulado “Prisões injustas, celas desumanas” e “examina as condições carcerárias dos presos políticos na Venezuela, agravadas após o contexto pós-eleitoral de 2024”.

“Em apenas 16 dias foram registradas em média 150 prisões diárias, superando consideravelmente a repressão estatal dos tempos de mobilização de 2014, 2017 e 2019, e até mesmo dos dias de protesto realizados recentemente na Nicarágua”, segundo o texto publicado no site da renomada ONG de direitos humanos Provea.

O documento destacou as mortes sob custódia de três pessoas presas durante manifestações pós-eleitorais, “um trágico lembrete” das “condições extremas” e das “violações dos direitos humanos enfrentadas pelos presos políticos”.

O Ministério Público, que afirma ter sempre respeitado o “devido processo”, iniciou um processo de revisão do caso em meados de novembro, o que levou à libertação de mais de 1.400 detidos, incluindo todos os menores de idade.

“Entre os dias 26 e 30 de dezembro, foram solicitadas e aprovadas 413 revisões”, somando “1.369 libertações”, informou um comunicado divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério Público.

No entanto, um relatório de ativistas de direitos humanos, baseado em entrevistas e pesquisas com ex-prisioneiros, alerta que “ao fato de serem arbitrariamente detidos e injustamente encarcerados, soma-se o sofrimento exponencial causado pelas duras e desumanas condições de detenção a que estão submetidos”.

O relatório destacou que os detidos sofrem “torturas físicas e psicológicas” e são submetidos a “isolamento prolongado e à negação de contato com familiares ou advogados”.

Também apontou “condições precárias de higiene para a preparação das refeições”. “Os alimentos, em várias ocasiões, contêm insetos, estão estragados ou não são devidamente cozidos. As porções são mínimas e insuficientes, o que tem causado perda de peso e doenças estomacais”.

As famílias, por conta disso, são obrigadas a levar comida para os presos, muitos dos quais estão encarcerados em cidades distantes.

© Agence France-Presse

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