Pelo menos oito cadetes morreram hoje e dezenas de pessoas ficaram feridas após oito horas de ataques de um comando terrorista a uma academia policial próxima à cidade paquistanesa de Lahore, informaram à Agência Efe fontes oficiais.
Pelo menos sete terroristas participaram desse ataque suicida, o segundo que ocorre em Lahore neste mês. Quatro deles cometeram suicídio ao se verem rodeados pelas forças de segurança.
No início da manhã, os criminosos – disfarçados com uniformes de guardas e, alguns deles, com a cara coberta – partiram de uma mesquita próxima ao complexo policial, o qual invadiram por dois pontos.
No momento do ataque, centenas de cadetes faziam seus exercícios. Os terroristas abriram fogo contra eles antes de assumirem o controle de um edifício da academia, no qual se entrincheiraram tomando entre 40 e 50 policiais como reféns, conforme explicou à Efe o porta-voz do Exército paquistanês, Athar Abbas.
Uma vez dentro da academia, o grupo terrorista se dividiu entre o andar térreo e o terraço e trocou tiros com os “rangers”, membros do Exército e dos corpos de elite da Polícia paquistanesa que ocuparam o entorno do complexo, situado na região de Manawan, a quase cinco quilômetros de Lahore.
Os invasores também dispararam contra os helicópteros policiais que sobrevoaram a área durante todo o tempo do ataque.
O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, explicou à imprensa paquistanesa que os diferentes corpos de segurança que participaram da operação foram forçando os terroristas a subirem os andares do edifício, até conseguir eliminá-los.
Malik assegurou que quatro dos terroristas se suicidaram ao explodir as cargas explosivas que carregaram.
Segundo o ministro, as forças de segurança “fizeram seu trabalho e levaram a operação a seu final”.
“É um ataque contra o Paquistão, estamos em guerra”, ressaltou Malik, destacando que os terroristas estavam “bem treinados” e preparados para sua ação.
Durante todo o dia houve muita confusão em relação ao número de vítimas. Uma fonte policial chegou a dizer que entre 60 e 70 agentes morreram.
Entretanto, no final do dia, as autoridades reduziram a oito o número de mortos entre os cadetes da academia e estabeleceram em 50 a quantidade de feridos.
Tanto Abbas quanto o inspetor geral da Polícia da província de Punjab – província a qual pertence Lahore -, Khalid Farouk, confirmaram à Efe o número de mortos, embora o primeiro tenha elevado o número de feridos para 79, número que o ministro Malik situou em 95, além de assegurar que dois civis morreram nos tiroteios.
Também circularam dados contraditórios quanto ao número de terroristas que perpetraram o ataque. Inicialmente, foi dito que o grupo era formado por entre dez e 15 pessoas.
“Os dados que tenho são de que quatro terroristas morreram e outros três foram detidos”, disse Abbas, dando o mesmo número divulgado por Malik e pelo chefe da Polícia provincial.
No entanto, o ministro do Interior explicou que apenas dois dos detidos eram apenas “suspeitos” até o momento e que o “vínculo” destes com o assalto estava sob investigação.
Além disso, Malik acrescentou que todos os agentes feridos permanecerão nos hospitais aos quais foram transferidos para determinar se entre eles há algum terrorista infiltrado.
Segundo as diversas fontes consultadas, um dos detidos falava a língua pashtun, usada na zona fronteiriça com o Afeganistão, onde se refugiam grupos da insurgência talibã e da rede terrorista Al Qaeda.
Malik apontou grupos jihadistas paquistaneses como possíveis responsáveis pelo ataque, embora não tenha descartado a possibilidade de interferência estrangeira.
Tanto o primeiro-ministro paquistanês, Yousef Raza Guilani, quanto o presidente do país, Asif Ali Zardari, condenaram o ataque e ordenaram a abertura de investigações.
A ação de hoje lembrou o ataque terrorista à cidade indiana de Mumbai, o qual em novembro passado deixou 179 mortos.
O governo indiano acusou o grupo caxemiriano Lashkar-e-Toiba (LeT), com base no Paquistão, como responsável pelo ataque.
No início deste mês, a cidade de Lahore já foi palco de um atentado contra a seleção de críquete do Sri Lanka, também executado por um comando terrorista que matou sete pessoas e cujos membros conseguiram fugir.