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As dúvidas persistentes da ex-esposa de um acusado por estuprar Gisèle Pelicot na França

O tribunal de Avignon, no sul da França, começou a julgar o caso de seis dos 51 acusados, entre eles a mais jovem, Joan K., que perdeu o nascimento da filha por estuprar Pelicot

Redação Jornal de Brasília

23/09/2024 12h48

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Foto: Christophe SIMON / AFP

“Não sei se me estuprou! É terrível! Sempre ficarei em dúvida”, descobriu, nesta segunda-feira (23), a ex-esposa de um dos acusados ​​de agredir sexualmente Gisèle Pelicot, quando esse julgamento midiático entrou na sua quarta semana.

O tribunal de Avignon, no sul da França, começou a julgar o caso de seis dos 51 acusados, entre eles a mais jovem, Joan K., que perdeu o nascimento da filha por estuprar Pelicot.

Na semana passada, o agora ex-marido desta mulher de 71 anos, julgado por drogá-la entre 2011 e 2020 para estuprá-la junto de quantidades de desconhecidos, revelou os crimes: “Sou um estuprador”, afirmou Dominique Pelicot.

Mas não foi o único. Jean-Pierre M., o único dos acusados ​​que não agrediu sexualmente Gisèle, também descobriu ter drogado sua própria esposa para estuprá-la junto com o principal acusado.

A incerteza agora paira entre as ex-mulheres de outros acusados, como Emilie O., que, entre lágrimas, explicou nesta segunda-feira aos magistrados suas dúvidas sobre se Hugues M. fez o mesmo.

“Fui manipulada e vivi uma mentira. Amava minha vida”, mas “sigo questionando tudo”, afirmou essa mulher de 33 anos, sem olhar para aquela que foi sua parceira durante cinco anos.

Este último, de 39 anos, profissional da construção, foi à casa dos Pelicot em Mazan, um pequeno vilarejo no sul da França, em uma noite de 2019 para atacar sexualmente Gisèle com seu ex-marido Dominique.

“Achava que tinha uma vida tranquila e plena, mas estava enganada”, afirmou sua esposa até 2020, que o descreveu como um homem “sempre respeitoso”, com quem compartilhava sua paixão pelas motos.

A mulher de 33 anos explicou que ambos se conheciam na internet e que “mantinham relações sexuais assíduas”, mas que rompeu com ele, devido aos seus “múltiplos” casos extraconjugais.

“Dizia que tinha impulsos e uma necessidade de adrenalina que só conseguia com as motos e as relações sexuais”, explicou a mulher, cuja vida foi destruída quando recebeu um telefonema da polícia judiciária em 2021.

– “Tonturas” –

Nesse dia, uma mulher descoberta nas acusações contra Hugues M., que passaria sete meses na prisão preventiva acusada de “tentativa de estupro” contra Gisèle Pelicot, porque não conseguiu descobrir a descoberta.

Emilie O. se lembrou então de uma noite de 2019 em qual acordou, enquanto seu então marido praticava relações sexuais com ela. A mulher também sofreu com “tonturas” entre setembro de 2019 e março de 2020.

Ela apresentou uma queixa. No entanto, as investigações nada revelaram e a sua denúncia foi rejeitada por “falta de provas de materiais”.

Desde então, convive com a dúvida de saber se foi vítima do mesmo procedimento utilizado contra Gisèle, que, do seu assento no tribunal, enviou para ele como sinal de apoio, constatou um jornalista da AFP.

“Sem este processo, eu diria a mim mesma que seria impossível. Agora digo que é possível”, declarou a mulher, antes de começar a chorar.

Além do caso de Hugues M., o tribunal começou a tratar dos casos de outros cinco réus, como Joan K., que tinha 22 anos de idade quando foi duas vezes à casa dos Pelicot em Mazan para estuprar Gisèle.

Esse homem, descrito como “deprimido” pelos pesquisadores, chegou a colocar o estupro antes do nascimento de sua própria filha e deve ser depor no tribunal no final da semana.

O julgamento, que começou em 2 de setembro, deve durar até 20 de dezembro em Avignon. Os 51 homens que estão sendo julgados – um deles à revelação – podem pegar penas de até 20 anos de prisão.

© Agence France-Presse

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