Um importante fórum de investidores foi inaugurado nesta terça-feira (28) na Arábia Saudita, reunindo chefes de Estado e líderes empresariais com o objetivo de impulsionar os megaprojetos do reino e suas crescentes ambições no campo da Inteligência Artificial (IA).
Durante três dias, cerca de vinte dirigentes se reunirão em Riade para participar da nona edição da Future Investment Initiative (FII), entre eles o presidente interino sírio, Ahmed al Sharaa, e o vice-presidente chinês Han Zheng, junto a vários ministros e mais de 150 representantes do setor privado.
Al Sharaa, que se reuniu nesta terça-feira com o ministro saudita das Relações Exteriores, Faisal bin Farhan, deve encontrar-se com o príncipe herdeiro e líder de fato do país, Mohamed bin Salman, e participar como orador no fórum, segundo a agência oficial síria Sana.
Entre os convidados está também Donald Trump Jr., filho do presidente americano, assim como os diretores do Goldman Sachs, JP Morgan, BlackRock e HSBC.
Criado em 2017 e conhecido como o “Davos do deserto”, esse fórum se tornou uma vitrine para o ambicioso programa de reformas Visão 2030, com o qual a Arábia Saudita busca reduzir sua forte dependência dos combustíveis fósseis, apesar de ser o maior exportador mundial de petróleo.
Nove anos após seu lançamento, “os resultados estão aqui”, comemorou o diretor do Fundo Soberano de Investimento Saudita (PIF), Yasir Al Rumayan, destacando que os investimentos estrangeiros aumentaram 24% no ano passado, alcançando 31,7 bilhões de dólares (170,2 bilhões de reais).
– Novas oportunidades –
No entanto, alguns projetos emblemáticos do programa Visão 2030, como Neom, megacidade futurista de 500 bilhões de dólares (2,68 trilhões de reais) em construção no noroeste do país, despertam dúvidas sobre sua viabilidade dentro dos prazos previstos, em um contexto marcado pela queda dos preços do petróleo.
Com a organização de grandes eventos como a Expo 2030 e a Copa do Mundo de 2034, os gastos se acumulam para o país, que prevê um déficit orçamentário o dobro do esperado neste ano.
“Está ocorrendo um reajuste de prioridades fiscais. Os investidores vão querer saber para onde o dinheiro será direcionado agora”, afirma Robert Mogielnicki, do Arab Gulf States Institute, de Washington, considerando que o fórum “continua sendo uma oportunidade fundamental para mobilizar investimentos estrangeiros que financiem uma transformação econômica cara e complexa”.
A petroleira estatal Aramco, pilar da economia saudita e maior exportadora mundial de petróleo bruto, viu seus lucros caírem por dez trimestres consecutivos desde os resultados recordes de 2022.
Ainda assim, para Karen Young, especialista em política econômica do Golfo no Middle East Institute, “os ajustes refletem uma disciplina orçamentária e abrem novas oportunidades em setores como turismo, habitação, infraestrutura e monetização de ativos da Aramco, que continua sendo uma das empresas mais rentáveis do mundo”.
O fórum também servirá para que o reino exiba suas ambições em IA, com o anúncio de importantes acordos entre a Humain, empresa de IA do Fundo Soberano saudita, e várias companhias internacionais.
Os gigantes tecnológicos americanos Google, Intel, Snapchat e Nvidia estarão presentes, enquanto a Arábia Saudita busca se posicionar como um ator-chave na IA e garantir seu acesso a tecnologias avançadas dos Estados Unidos.
Riade pretende demonstrar que suas ambições tecnológicas são “reais e alcançáveis”, segundo Mogielnicki.
AFP