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Embora natural, ciúmes deve ser contido com diálogo, diz psicóloga

Segundo a psicóloga Elizabeth Medeiros, o ciúmes é um sentimento natural do ser humano, como a alegria e a tristeza

Agência UniCeub

23/03/2021 7h22

Atualizada 24/03/2021 17h33

Fernanda Bittar, Lorena Rodrigues e Maria Eduarda Cardoso
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Na literatura e no cinema, histórias de ciúmes costumam aprofundar e gerar reflexões sobre esse sentimento humano. O personagem de Bentinho, em Dom Casmurro (leia a obra)sobre a relação de Capitu e Escobar (o amigo), por exemplo, coloca em cheque as certezas e as inseguranças. Na vida real, o ciúmes exacerbado é um risco para os relacionamentos e até para a segurança dos envolvidos. Segundo a psicóloga Elizabeth Medeiros, o ciúmes é um sentimento natural do ser humano, como a alegria e a tristeza. “Alguma situação em que há um risco, um perigo, uma falsidade ou algo no sentido e você sinta ciúmes, porque é um sentimento de zelo e, até então, é um sentimento saudável”.

Aos dezessete anos, Júlia Maria diz que se incomoda ao sentir ciúmes pois, geralmente, expressa-se com raiva. “Quando o ciúmes está mais descontrolado, acabo guardando para mim, porém em outras situações exponho meu sentimento de maneira leve para lidar da melhor maneira possível”.

Mesmo sendo natural, o ciúmes pode trazer desconforto. José Barbosa, 19, namorado de Júlia, afirma que já passou por várias crises que causaram muita raiva, coração acelerado e vontade de chorar. “Expus meus sentimentos, mas a culpa e a inferioridade sempre foram presentes por ter me sentido ameaçado”, disse ele.

A psicóloga considera o diálogo como a melhor forma de manter um relacionamento saudável, e declara que ninguém precisa ter vergonha de sentir ciúmes, pois é preciso desmistificar este sentimento e parar de patologizá-lo. Ainda de acordo com a profissional, o grande problema está no excesso de ciúmes, que desgasta e adoece o relacionamento, se tornando um sentimento patológico, quando se incomoda não somente com situações lógicas, enxergando coisas onde as demais pessoas não conseguem identificar desconfortos. “Isso vai demonstrar a necessidade de ajuda psicológica e tratamento para lidar melhor com a realidade”, concluiu a especialista.

É importante ressaltar que o ciúmes está presente não apenas em relacionamentos amorosos, mas também em qualquer tipo de relação. Um exemplo disso é o caso do surgimento deste sentimento na dinâmica familiar, exigindo um acompanhamento das crianças e dos pais para um melhor desenvolvimento dos laços afetivos. “Acho que meu filho do meio acaba se sentindo preterido em relação ao primeiro e último filho, mas aqui a gente sempre tenta trabalhar isso através da terapia e com atividades familiares.” afirma Maria Luz, mãe de três filhos, de idades distintas.

“O que eu sempre prego é o diálogo e a transparência, acho muito importante externalizar os sentimentos para poder conseguir entender o que passa na cabeça de cada um para depois tentar agir, com cautela e serenidade”

O ciúmes estará presente em quase todas as famílias, o importante é não deixar que esse sentimento prejudique e magoe o próximo. Maria acredita que é importante conscientizar-se a respeito da responsabilidade emocional, pois “É muito mais cômodo jogar a responsabilidade no outro, e isso afeta bastante o relacionamento entre a família.” Assim, é possível notar o desenvolvimento de novas habilidades emocionais e um maior preparo para a vida adulta, assumindo as responsabilidades e consequências. A maneira que a mãe encontrou de evitar o acentuamento do sentimento foi explicar sua visão sobre os filhos. “Os três sabem que são únicos e diferentes. É importante que possam perceber que cada um tem dificuldades e habilidades e todos merecem encorajamento e aplausos”, finalizou ela.

Quando existe ciúmes, é o momento em que é necessário haver uma conversa séria naquele relacionamento, seja amoroso, amizade, familiar, onde as pessoa possam ser sinceras sobre o que estão observando e porque estão sentindo aquilo. E ao se abrir com o outro, há a possibilidade da outra pessoa também compreender aquela situação. É perceptível a necessidade de debates a respeito da responsabilidade emocional desde a primeira infância.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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