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Economia

Titan, a ‘holding ostentação’ de Vorcaro, vê investimentos desmancharem

Divididos em duas lajes, cerca de dez funcionários trabalham na holding, empresas no mesmo prédio costumam colocar de 150 a 200 pessoas por andar

Redação Jornal de Brasília

28/11/2025 6h11

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Daniel Vorcaro

A Titan, holding que concentra os investimentos pessoais de Daniel Vorcaro, o fundador do Banco Master preso na Operação Compliance Zero, foi desenhada segundo seu já conhecido estilo ostentação. Localizado em dois andares de um dos ícones da Faria Lima, o “prédio da baleia”, o escritório tem 4 mil metros quadrados. Divididos em duas lajes, cerca de dez funcionários trabalham na holding, sendo que empresas no mesmo prédio costumam colocar de 150 a 200 pessoas por andar. Um elevador privativo liga a Titan ao heliponto.

Fanático por ginástica, Vorcaro também colocou lá uma academia, sauna e hidromassagem, segundo uma pessoa que visitou o ambiente e que falou em condição de anonimato. Há ainda uma adega com centenas de garrafas de vinhos e um bar, em estilo inglês, com muitas safras de Macallan, a fabricante de uísque escocesa famosa por suas coleções raras — e caras — e dona dos recordes de preços em leilões da bebida. O fumódromo também é repleto de charutos cubanos.

É um patamar que destoa até mesmo dos escritórios recobertos de mármore da Faria Lima, onde a aparência importa na hora de conquistar clientes. Com a liquidação extrajudicial do Master, porém, a empresa tem visto seus investimentos desmancharem. Procurada, a Titan não se pronunciou.

Além de gestão dos investimentos pessoais de Vorcaro, a Titan é descrita em seu site na internet como reestruturadora de empresas. Entre os casos de sucesso apresentados no site está o grupo de varejo de moda Veste (antiga Restoque), dono das marcas Le Lis, Bo.bô e Dudalina. Após a recuperação judicial, “a WNT Capital, gestora de recursos na qual Vorcaro é um dos principais investidores” converteu dívidas da Veste em ações, tornando-se dona de 56% da empresa, segundo o site da Titan.

Outro exemplo apresentado como sendo de sucesso é o da Oncoclínicas, rede especializada no tratamento do câncer. “Em maio de 2024, os investidores de Quíron Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia e Tessália Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, veículos de investimento ancorados pelo Banco Master, fecharam acordo de investimento com a Oncoclínicas e assumiram o compromisso de subscrever até R$ 1 bilhão em novas ações”, diz o site.

A Veste foi um dos ativos posteriormente vendidos ao BTG Pactual com o acirramento da crise do Master. Já a Oncoclínicas, com a liquidação do Master, veio a público informar que tinha R$ 433 milhões investidos em CDBs do banco. Desse total, R$ 217 milhões haviam sido provisionados e R$ 216 milhões representavam perda potencial imediata.

Na semana passada, a Oncoclínicas disse que exercerá a opção de compra das cotas dos fundos Tessália e Quíron, que valiam R$ 203 milhões na data do anúncio. Em novembro, os papéis da Oncoclínicas perderam quase 18% de seu valor.

Entre os 29 negócios da Titan listados no site, sete estão ligados ao próprio Master, como a corretora do banco e o Credcesta (que opera um cartão de crédito consignado voltado principalmente a servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS). Desses sete, apenas o banco digital Will Bank, cuja venda continua sendo negociada após a crise do Master e não foi liquidado pelo Banco Central (BC), está de pé. O Banco Voiter havia sido vendido a Augusto Lima, que era um dos sócios de Vorcaro no Master e também foi preso pela Compliance Zero.

Ainda constam do portfólio da Titan empresas já vendidas, como o Fasano Itaim e a mineradora Itaminas, além da empresa de energia Light, cuja participação também foi vendida ao BTG com outros ativos que somaram R$ 1,5 bilhão.

Várias empresas que constam nesse portfólio têm ou tiveram o empresário Nelson Tanure como investidor. Além da Light, estão lá a Alliança Saúde (de medicina diagnóstica), a empresa de energia Emae e a provedora de internet Ligga (aparece também a Sercomtel, de telefonia, pela qual Tanure pagou R$ 2,4 bilhões em 2020 e deu origem à Ligga). Além da Oncoclínicas, que Tanure tentou adquirir para fundir com a Alliança.

Procurado, Tanure afirmou, por meio de nota, “não ter nenhum vínculo com o escritório mencionado, não podendo, portanto, comentar seu portfólio. Ao longo de mais de cinco décadas, Tanure mantém uma trajetória reconhecida no mercado, marcada por investimentos relevantes, orientados à recuperação de ativos estratégicos e ao fortalecimento de empresas brasileiras”.

Como mostrou o Estadão, um inquérito da Polícia Federal investiga a ligação entre Tanure e o Banco Master. O investidor negou anteriormente que seja controlador do banco, “sendo essa instituição financeira apenas uma, entre tantas outras, utilizadas profissionalmente para a materialização de operações financeiras corriqueiras no mercado de valores mobiliários”.

Estadão Conteúdo

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