São Paulo e Brasília, 17 – Discussão antiga no mercado financeiro, o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Paulo Picchetti, criticou na tarde da quarta-feira, 15, a definição de “recessão técnica” com base na avaliação de resultados negativos em dois trimestres consecutivos. Ele fez a observação ao comentar que a instituição conta com uma desaceleração da economia nos próximos meses, “mas nada que desencadeie uma recessão”.
“As pessoas estão falando sobre a segunda metade deste ano e esperando algum tipo de crescimento zero ou até mesmo uma leve diminuição, e há esse termo que eu não gosto nem um pouco”, mencionou Picchetti, durante apresentação em seminário do JP Morgan, em Washington, às margens das reuniões anuais do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e do grupo das 20 maiores economias do globo (G20).
Em outro momento da participação, o diretor enfatizou que não acredita que haverá uma recessão no Brasil e afirmou que “não há nada de técnico na definição de dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, mesmo que muito leve”.
“E a razão pela qual não gosto da definição técnica de recessão é que você pode ter dois trimestres com queda de 0,1%, muito concentrados em uma atividade. Já tivemos isso. E isso não se encaixa na definição tradicional de recessão. Uma recessão é uma desaceleração no nível geral de atividade”, argumentou o diretor do BC.
De acordo com Picchetti, um resultado negativo da atividade pode ser fruto de uma safra ruim ou da revelação de que um setor foi gravemente afetado por um choque específico. “E isso pode ser suficiente para levar o PIB a um nível ligeiramente negativo, mas isso não constitui uma recessão”, reforçou.
Estadão Conteúdo