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Economia

Petrobras reafirma política de preços e não descarta novos dividendos

O alinhamento dos preços internos ao mercado internacional ajudou a impulsionar o resultado do segundo trimestre

Redação Jornal de Brasília

05/08/2021 13h23

Foto: Agência Brasil

Nicola Pamplona
FolhaPress

Em encontro virtual com analistas para detalhar o lucro de R$ 42,8 bilhões do segundo trimestre de 2021, a direção da Petrobras reafirmou a política de acompanhamento das cotações internacionais do petróleo e não descartou a possibilidade de distribuir mais do que os R$ 31,6 bilhões em dividendos já anunciados.

Em resposta a perguntas sobre a política de preços, o diretor de Refino da estatal, Cláudio Mastella, frisou que, a exemplo de commodities como os produtos agrícolas, o petróleo é negociado com preços internacionais, e o respeito à lógica econômica estimula investimentos.

O alinhamento dos preços internos ao mercado internacional ajudou a impulsionar o resultado do segundo trimestre. No período, a Petrobras vendeu sua cesta de derivados a R$ 401,19 por barril, alta de 14,6% em relação ao trimestre anterior e mais do que o dobro do verificado no mesmo período de 2020.

A escalada dos preços vem tendo impactos na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que já fez críticas públicas a reajustes e promoveu cortes de impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha para tentar minimizar os efeitos sobre o consumidor.

Em fevereiro, após uma sequência de aumentos, Bolsonaro demitiu o ex-presidente da estatal Roberto Castello Branco. Escalado para substituí-lo, o general Joaquim Silva e Luna vem praticando uma frequência de reajustes menor do que seus antecessores.

Questionado por analistas sobre a redução da frequência, Mastella disse que não houve mudanças na política, que “é sensível” aos impactos no consumidor e evita repassar volatilidades conjunturais do mercado de petróleo aos preços internos. “Nosso posicionamento em preços, e a gente vem reforçando isso, busca evitar repassar imediatamente ao mercado interno a volatilidade causada por eventos conjunturais, que acontecem a cada minuto”, disse.

Segundo ele, houve mais aumentos no início do ano porque o petróleo e o câmbio subiram de forma mais consistente. Agora, afirma, os dois andam “muitas vezes em sentidos opostos”, o que reduziu a necessidade de aplicar reajustes. “Seguimos buscando alinhamento de preços no mercado internacional e isso é demonstrado pela presença de outros atores no mercado brasileiro como importadores”, afirmou, dizendo que a fatia da Petrobras nas vendas caiu de 87% para 83% entre o primeiro e o segundo trimestres. “A competição está ativa.”

Mastella afirmou que a empresa vem participando de debate com o governo sobre políticas públicas para suavizar os reajustes, mas defendeu que preços desalinhados prejudicam a competição e os investimentos. No momento, a Petrobras negocia a venda de seis refinarias, com processos mais avançados para unidades no Amazonas, no Ceará e no Paraná. Em março, a empresa anunciou a venda da refinaria da Bahia para o fundo árabe Mubadala.

Com a forte geração de caixa no segundo trimestre, a Petrobras conseguiu reduzir sua dívida para perto da meta de US$ 60 bilhões e ainda anunciou a distribuição dos dividendos, que renderão à União uma receita extra de R$ 9 bilhões em 2021.

Outro acionista controlado pelo governo federal, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem 8,08% do capital, o que lhe garante R$ 2,5 bilhões. O diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo Alves, disse que o processo de redução da dívida vai ficando mais complicado, porque os títulos da companhia estão valorizados no mercado, mas a busca pela desalavancagem seguirá como prioridade.

“A depender do comportamento da geração de caixa, de eventuais closings [fechamentos] de transações, a gente vai estar olhando espaço para uma geração adicional de dividendo”, afirmou. “Mas não há nenhum compromisso nesse momento”.

Presente apenas na abertura e no encerramento do encontro com analistas, Silva e Luna reforçou que a gestão da empresa seguirá se baseando em decisões técnicas e que um dos focos da gestão é compartilhar os ganhos com os acionistas. “Esse resultado bastante expressivo é fruto de um trabalho continuado, que já vem de longo prazo e está se consolidando nesse trimestre. A tendência é que sigamos nesse caminho, nesse mesmo direcionamento, com resultados bastante otimistas.”

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