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Economia

Petrobras investe em operação remota

Arquivo Geral

04/07/2016 12h27

Atualizada

Desde que o preço do petróleo despencou e o mercado entrou em crise, em 2014, petroleiras do mundo todo reduziram o número de empregados em suas plataformas e ampliaram a operação remota das embarcações. No Brasil, a automação já atingiu 17 unidades da Petrobras e há ainda o plano de produzir petróleo em cinco áreas da Bacia de Campos sem a presença de tripulação. A proposta é combatida pelos sindicatos, que apresentaram denúncia ao Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ).<p><p>Eles acusam a Petrobras de, com o projeto de eliminar a tripulação, colocar em risco a segurança de uma pequena equipe de manutenção que visitaria, periodicamente, as embarcações. A ideia é que, a cada três dias, dez técnicos inspecionem as plataformas. Nenhum deles, no entanto, seria especializado em saúde ou segurança, segundo o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) Marcos Breda.<p><p>A "desabitação", como é batizado o processo de retirar os empregados das embarcações e controlar toda produção de petróleo remotamente, deve começar nas cinco plataformas instaladas nos campos de Carapebu e Vermelho, na região nordeste da Bacia de Campos, que atualmente produzem pequenos volumes de petróleo, cerca de 10 mil barris por dia cada um. Em seguida, o modelo pode ser replicado em outras unidades.<p><p>"Faremos a operação remota em sala de controle em todas as plataformas que entendermos que faz sentido, nos próximos dois ou três anos", afirmou o gerente de Produção em Águas Profundas da estatal, Joelson Mendes. A retirada completa da tripulação só será possível, no entanto, nas áreas de baixa produção. Em grandes campos produtores, localizados em águas profundas, a automação será parcial.<p><p>"Não passa na nossa cabeça desabitar plataformas grandes e flutuantes, nem a legislação permite. Só pensamos nisso em campos com economicidade prejudicada (operação mínima), em que fazemos isso ou fechamos a produção. A desabitação é uma alternativa para, de forma segura, prolongar a vida útil da produção e fazer com que investimentos tenham mais retorno", afirma Mendes.<p><p>Segundo a Petrobras, a automação, ainda que parcial, permitiu reduzir de US$ 5 a US$ 10 o custo de mão de obra em cada barril de petróleo produzido. "Estamos trazendo o coração da plataforma para uma base em que conseguimos ter muito mais apoio", diz Mendes.<p><p><b>Corte</b><p><p>Apenas o corte de gastos com o deslocamento de empregados da costa até o alto mar, onde estão instaladas as plataformas, é estimado em R$ 4,9 milhões por ano. Já o ganho operacional médio é de 13 mil barris por dia, em campos que estão em fase de declínio da produção desde o início da década.<p><p>Para o consultor Heron Miguens, da Ernest Young (EY), o controle a distância é um primeiro passo para a redução gradativa das equipes a bordo, que deve resultar na completa desabitação das plataformas. "A redução de pessoas a bordo é uma métrica internacional. É um movimento sem retorno. Mesmo que o preço do petróleo volte a subir, a indústria já aprendeu e vai perenizar essa eficiência."<p><p>O consultor ressalta, no entanto, a necessidade de as agências reguladoras ampliarem o controle dos equipamentos e da operação com essas mudanças. "Ainda é preciso adaptar, por exemplo, alguns procedimentos de contingência (controle de óleo no caso de vazamento). É preciso se aprofundar mais no tema para que o controle da segurança não fique a critério exclusivamente das petroleiras."<p><p>Em nota, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) afirmou que "uma mudança de perfil da operação deve ser comunicada e passar por novos estudos". Sobre a retirada de toda tripulação das plataformas dos campos de Carapebu e Vermelho, a agência respondeu que, "caso a concessionária decida implementar a operação desabitada nessas unidades, a análise de risco e a gestão de mudanças terão de ser apresentadas à ANP para aprovação".<p><p><b>Revolução tecnológica</b><p><p>O aprimoramento da tecnologia na produção de petróleo será o diferencial das empresas para vencer a crise, segundo o especialista pela Coppe/UFRJ e conselheiro de administração da Petrobras, Segen Stefen. <p><p>Ele enxerga uma revolução do modelo de produção de petróleo em águas ultraprofundas, como no pré-sal brasileiro, com a extinção das tradicionais plataformas de petróleo e instalação de todos os equipamentos no fundo do mar. <p><p>A revolução tecnológica deve acontecer em breve, em até dez anos, e vai contribuir para que as petroleiras reduzam o custo de produção em cerca de 20%. Assim, um campo que não seria viável com o petróleo a US$ 40 por barril, com a utilização das tradicionais plataformas de produção, passaria a ser com o uso de equipamentos submarinos. Stefen prevê um ganho em segurança e transformações no mercado de trabalho, que será dominado por profissionais especializados.<p> <p>"O Brasil teve um papel muito importante no desenvolvimento de tecnologias offshore (marítimas). Mas essa tecnologia, que é considerada o estado da arte, já tem 30 anos. Tem de se pensar de forma um pouco mais vanguardista", avalia.<p><p>Segundo Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, experiências desse tipo já estão sendo realizadas no Golfo do México, nos EUA. Essa é uma tendência mundial, que determinará os "novos vencedores" da indústria petroleira. Já Stefen analisa que, apesar do Brasil estar bem posicionado nesse processo, "ainda está um pouco perdido". <p><p>Stefen aposta no papel de destaque da Petrobras na instalação submarina de equipamentos e extinção das plataformas tradicionais. Mas, em sua opinião, isso ocorrerá em parceria com as outras grandes petroleiras que atuam no País, como a anglo-holandesa Shell. "Falta ainda uma parceria entre os agentes, entre as petroleiras e os fornecedores. O momento é propício para juntar esforços." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b> <br /><br /><b>Fonte: </b>Estadao Conteudo

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