ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O diretor-presidente do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), Daniel Lima, disse à Folha que a resposta do fundo será rápida para o ressarcimento dos investidores que têm papéis do Banco Master com garantia do fundo.
“O FGC vai pagar todo mundo. Temos uma reserva bem mais do que suficiente para pagar todo mundo, atendendo aos critérios de legibilidade, atendendo às regras do regulamento, pode ficar todo mundo tranquilo”, afirmou.
Após receber a lista dos investidores com direito à garantia Lima estima que o FGC começará a pagar em dois dias. Essa lista será repassada em até 30 dias pela empresa liquidante nomeada pelo BC.
O liquidante vai recolher da base de dados do Master de depósitos como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) emitidos pelo banco, valores e o número do CPF ou CNPJ, no caso de pessoa jurídica. A garantia do fundo é limitada a R$ 250 mil por investidor.
As garantias serão pagas após a decretação da liquidação extrajudicial pelo Banco Central do Master, banco Master de Investimento, Letsbank e Master Corretora de Câmbio. A estimativa é que o FGG gaste cerca de R$ 41 bilhões do total de R$ 122 bilhões de recursos líquidos que o FGC tem em caixa. Cerca de 1,6 milhão de investidores terão direito ao ressarcimento das garantias do FGC.
Segundo o presidente do FGC, o foco neste momento é pagar as garantias de forma eficiente, que minimize o tempo das pessoas receberem o seu dinheiro.
Passado o processo de pagamento, ele prevê que as autoridades do governo, o BC, os bancos emissores e o FGC deverão discutir se há necessidades de ajustes ou não na regulação após a experiência do caso Master.
O banco de Daniel Vorcaro e corretoras que distribuiam seus papéis utilizavam uma estratégia agressiva de venda de CDBs prometendo alta remuneração fazendo propaganda de que a aplicação tinha garantia do FGC. Essa estratégia foi muito criticada pelos grandes bancos, os maiores financiadores do fundo.
“Mas esse é um trabalho para um segundo momento. O momento agora é de se concentrar no pagamento. No segundo momento, é recolher informações e depois analisar essas informações para fazer uma análise informada e refletida”, disse. “A gente também não pode se precipitar. Pode ter efeito colateral.”
Ele disse que o FGC vai buscar a recuperação do dinheiro pago para honrar as garantias. “Vamos buscar a recomposição do ativo nos processos de liquidação. Quanto mais a gente recupera recursos nos processos de liquidação, menor vai ser o impacto nas reservas do FGC e menor a probabilidade de a gente ter que passar mais custos para a indústria e a indústria ter que repassar isso para os seus clientes”, afirmou.
Por coincidência, o fundo completou 30 anos no último dia 16. Ele foi formado para proteger os depositantes e a estabilidade do sistema financeiro nacional.