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Economia

ONS amplia envio de energia do Nordeste ao restante do país

As empresas de renováveis afirmam que, como não são responsáveis pelos cortes, devem ser ressarcidas pela perda de receita. Mas a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) entende que a regulamentação não prevê ressarcimento nesse caso

Redação Jornal de Brasília

22/10/2024 14h07

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Foto: Divulgação

PEDRO LOVISI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ativou a operação de três linhas de transmissão e uma subestação de energia na semana passada para ampliar a capacidade de escoamento de energia do Nordeste para o restante do país, em especial o Sudeste, onde está concentrada a maior demanda de eletricidade. As estruturas estão localizadas no Ceará.

O anúncio do ONS -antecipado pelo jornal Valor Econômico- tenta, de certa forma, amortecer a pressão de empresas geradoras de energia renovável, que nas últimas semanas aumentaram as críticas à estratégia do Operador de cortar a geração de energia em parques do Nordeste. A prática, conhecida como curtailment, busca evitar uma produção de eletricidade maior do que a demanda do país e acima da capacidade máxima de escoamento das atuais linhas de transmissão da região.

Esse procedimento já era comum no setor, mas se intensificou após o apagão do ano passado. A partir do evento, o ONS estabeleceu novos limites de intercâmbios de energia entre as diferentes regiões do país, a fim de garantir maior segurança ao sistema elétrico.

Mas, como a Folha de S.Paulo mostrou no mês passado, empresas de geração de energia eólica e solar têm cobrado do governo o ressarcimento pelos cortes de energia, em especial daqueles parques do Ceará e Rio Grande do Norte.

As empresas do setor pedem na Justiça uma fatura que já chega a R$ 1,2 bilhão, o que pode onerar ainda mais os consumidores de energia. Segundo a Abeeólica, o corte de geração entre agosto e setembro foi equivalente a três meses de geração de energia da hidrelétrica de Itaipu.

As empresas de renováveis afirmam que, como não são responsáveis pelos cortes, devem ser ressarcidas pela perda de receita. Mas a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) entende que a regulamentação não prevê ressarcimento nesse caso.

O assunto foi um dos mais comentados nesta terça-feira (22) durante um evento organizado pela indústria do setor eólico em São Paulo. Nele, executivos e representantes do governo federal defenderam uma solução rápida para os cortes.

“Temos que tratar esse assunto como um assunto de 2024, ele não pode se propagar nos próximo anos […]. A gente entende que às vezes há uma política de segurança a todo custo, mas mesmo que se aplique uma política de segurança da operação do sistema a qualquer custo, isso não pode ser ao nosso custo; tem que ser devidamente negociado”, afirmou Fernando Elias, presidente do Conselho de Administração da Abeeólica, na abertura do evento.

Acompanhavam a fala dele, por exemplo, o secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, um dos maiores especialistas no tema dentro do governo federal. Ele já tratava sobre o tema em 2021, quando ainda era presidente da EPE (Empresa de Planejamento Energético).

Também presente no evento, a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, celebrou o anúncio do ONS.

“Isso muito nos ajuda neste momento muito frágil que estamos vivendo, que são os cortes de geração que estão acontecendo no Nordeste”, disse. “A gente sabe que o corte de geração é uma característica das economias que fizeram uma forte expansão em energias renováveis não despacháveis, como eólica e solar, e o mundo inteiro está tentando buscar soluções para isso, e nós vamos trazê-las”, acrescentou.

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